Não é apenas a crise financeira nacional que está afetando a liberação de novas bolsas para pesquisa no país. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR) outro problema prejudicou a área neste mês. Mais de 20 bolsas técnicas para ensino superior e médio cedidas pela Fundação Araucária, do governo do estado, ainda não foram liberadas porque, segundo a universidade, os processos administrativos da instituição se acumularam durante à ocupação do prédio da reitoria por estudantes. Uma das reivindicações dos universitários era o pagamento de bolsas em atraso.
O edital 06/2015 foi publicado no último mês de julho. Entretanto, o resultado que contemplou 14 instituições de ensino saiu apenas no último dia 13 de agosto. De acordo com o texto, a instituição de ensino contemplada deve implantar as bolsas no prazo máximo de dois meses a partir da assinatura e publicação do convênio pela Fundação.
Outro lado
Os estudantes que participaram da ocupação do prédio da reitoria refutam a tese lançada pela UFPR. Amanda Feijó, uma das estudantes que participaram do movimento, lamentou o posicionamento da instituição. “É triste que nessa altura do campeonato a reitoria coloque nas costas do alunos a responsabilidade deles. Temos conhecimento de diversos procedimentos que estão atrasados há meses, muito antes da ocupação”.
Um dos laboratórios que aguardam profissionais beneficiados pela bolsa é o Centro de Microscopia Eletrônica (CME). No ano passado, a Gazeta do Povo mostrou que o local enfrentava uma longa espera para adequação da estrutura necessária para o recebimento de um microscópio eletrônico de alta resolução. Após ter conseguido vencer a concorrência para obter o material, o CME teve de lutar pela verba necessária para adaptação da sala que receberia o equipamento -- fundamental para o desenvolvimento de pesquisas na área da Nanociência e da Nanotecnologia.
Mas os contratos das 23 bolsas da UFPR ainda não foram assinados. A assessoria da universidade informou que recebeu os documentos no dia 16 de setembro, um dia antes de alunos deixarem o prédio. A manifestação estudantil durou 18 dias. Eles pediam o pagamento de bolsas em atraso e a manutenção das bolsas-monitorias. Também queriam o congelamento do valor cobrado no restaurante universitário (RU), em R$ 1,30.
O presidente da Fundação Araucária, Paulo Brofmann, disse que a liberação das bolsas pela instituição tem ocorrido de forma rápida e que a crise econômica brasileira não tem afetado a área de pessoal da instituição. “Para quem já mandou a documentação, estamos contratando a bolsa ainda neste mês”, informou.
Já a UFPR informou que os contratos para cessão das 23 bolsas chegou à instituição no último dia 16 de setembro. Segundo a professora Graciela Inês Bolzon de Muniz, coordenador do projeto na UFPR, “todas as bolsas estão seguindo trâmites burocráticos e devem ser liberadas em cerca de um mês”. A assessoria da universidade, entretanto, ressaltou que a assinatura dos documentos dependerá do andamento de uma fila de procedimentos acumulados por conta do período de inatividade da reitoria ocasionado pela ocupação dos estudantes.
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