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A Olimpíada Nacional de História do Brasil da Unicamp, uma competição para alunos a partir dos 13 anos de idade, tem gerado queixas de pais e professores por incluir perguntas com teor ideológico.
Esta é a 13ª edição do evento, que reúne 9,3 mil equipes de todas as unidades da federação. Cada equipe precisa ter três estudantes do oitavo e nono ano do ensino fundamental ou do ensino médio. A Olimpíada vai até 12 de junho e é dividida em seis fases. As questões das duas primeiras já foram liberadas no portal da competição. Segundo o regulamento, os objetivos da Olimpíada incluem “o estudo da História do Brasil, estimular a convivência entre estudantes e professores(as), a prática de procedimentos científicos na solução de problemas, o incentivo ao estudo diligente e a interação entre os participantes.”
A primeira questão da Olimpíada deste ano foi a que mais causou controvérsia. A pergunta é ilustrada pela imagem de um grafite que exibe uma espécie de cabo de guerra. De um lado, Jair Bolsonaro e uma figura representando o coronavírus. Do outro, duas pessoas vestidas como médicos, uma das quais exibe uma faixa de super-herói. Embaixo, os dizeres: “De que lado da corda você tá?”. O enunciado pede que o participante interprete a imagem.
Uma das alternativas considerada corretas pela organização é a seguinte: “A faixa presidencial de um personagem contrapõem-se à capa de super-herói no lado oposto de um 'cabo-de-guerra'; a frase convida o espectador a tomar posição.” A opção inclui um erro gramatical, já que o certo seria “contrapõe-se” em vez de “contrapõem-se”.
Outra questão, que possui como pano de fundo a realização de um show do rapper Emicida no Theatro Municipal de São Paulo, teve como opção correta a seguinte resposta: “Ao ocupar um espaço tradicionalmente ligado às elites brancas, enaltecendo culturas e sujeitos historicamente violentados, Emicida contribui no processo de construção de uma nova narrativa da história do Brasil.”
Na segunda fase, uma pergunta que aborda o tema da xenofobia inclui um cartum com termos ofensivos. A ilustração mostra um garoto de origem asiática cercado por frases preconceituosas. Uma delas: “Sabia que você tem o pinto pequeno?”.
O questionário da prova também traz perguntas obrigatórias ao estudante sobre o “nome social”, o “sexo/gênero”, a religião, a cor da pele, questões sobre sua moradia (se reside em favela, periferia, etc.), se os pais recebem o Bolsa Família. O professor coordenador da equipe deve responder se participa de sindicato ou associações que representam minorias.
Ouvida pela Gazeta do Povo, uma professora que coordena um time estudantes na competição se queixa, em especial, da pergunta mencionado o presidente da República. A docente, que prefere não se identificar, diz que o teor da questão é inadequado. “As respostas, que podem ser mais que uma, levaram os nossos alunos a compreender que era necessário responder conforme a opinião declarada na imagem. Ou seja, eles precisaram ter um posicionamento político-ideológico para conseguir fazer uma questão. Isso incomodou os alunos e a equipe”, diz ela.
Em nota, a organização da Olimpíada negou que haja qualquer problema com o conteúdo da avaliação e afirmou que a prova traz textos e imagens “de forma puramente pedagógica e responsável”. “De modo algum reconhecemos este tipo de crítica e convidamos a todos a conhecer a prova dentro do seu contexto geral e a seriedade com que ela é feita”, diz a resposta.
Veja a íntegra da nota enviada pela assessoria de imprensa da Olimpíada Nacional de História do Brasil da Unicamp:
“As questões da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) trazem conteúdos públicos que os participantes já têm acesso e estão disponíveis na internet, livros etc. Assim, ao apresentar esses materiais de forma puramente pedagógica e responsável, contribuímos para que eles debatam e desenvolvam a compreensão sobre temas diversos. Informamos também que o regulamento da ONHB prevê a disponibilidade de documentos de época variados na prova e é esperado que professores tenham capacidade de lidar com esses materiais junto aos alunos. De modo algum reconhecemos este tipo de crítica e convidamos a todos a conhecer a prova dentro do seu contexto geral e a seriedade com que ela é feita.”