Exemplos
Família reunida e feliz
Os pais dos estudantes Luan, 17 anos, Luigi, 14, e Lorenzo, 9, já são conhecidos por alunos e funcionários do Colégio Marista. Eles frequentam a cantina da escola quase todos os dias para almoçar com os garotos. Essa foi a única maneira encontrada pela fotógrafa Daniela Franco Rossi, 40, de conciliar os horários com a rotina de trabalho e estudos, pois a agenda profissional dos pais e as atividades extracurriculares dos filhos tornaram impossível o encontro de toda a família em casa durante o dia.
Os almoços em família se repetem há três anos e, na avaliação de Daniela, são "absolutamente benéficos" para a relação. Ela conta que, ao mesmo tempo em que se aproxima dos filhos, conhece os colegas de classe e mantém contato direto com a direção da escola. "Os amigos nos conhecem, todos se sentem muito seguros. Além disso, sabemos com quem nossos filhos estão." Prova disso é que, junto com a família, diversos amigos dos estudantes se reúnem para almoçar com Daniela e seus filhos.
Para o otorrinolaringologista João Luiz Garcia de Faria, 47, que não abre mão de almoçar com sua filha Luiza, 9, pelo menos uma vez por semana no Colégio Internacional, o maior benefício de poder interagir com a instituição é conhecer um pouco mais do ambiente da menina ao invés de conviver com ela apenas durante a noite e nos fins de semana. "É diferente, pois vejo como ela se relaciona com as amigas, a comunicação entre elas. Faço isso desde quando a Luiza era pequena e acompanho sua evolução, seus valores e princípios em cada fase da vida", conta. Ele, inclusive, conseguiu perceber que a cada seis meses as rotinas de brincadeiras mudam, algo que só foi possível porque acompanha a sua rotina de perto.
Algumas escolas abriram as suas portas para receber as famílias dos estudantes e, além de aproximar os familiares, promovem a interação entre a comunidade escolar. Atualmente muitas oferecem atividades que reúnem a família e aprimoram o processo educacional.
"Somos parceiros. Os pais são os educadores, de onde vem toda a estrutura e a filosofia de vida. A escola ajuda a construir o caráter, a educação e a formação do cidadão", avalia a diretora do Colégio Internacional, Claudia Lebiedziejewski. Com atividades em período integral, o colégio permite que os pais almocem com os filhos e também acompanhem algumas atividades extracurriculares. Além disso, os familiares são convidados a assistirem às apresentações dos alunos. "O estudante fica mais seguro e mais incentivado", observa Cláudia. A interação se estende ainda a grupos de voluntariado, nos quais os pais organizam atividades e palestras para os alunos.
A aproximação da escola com a família é vista com bons olhos por especialistas, uma vez que também acarreta em bons momentos entre pais e filhos. "A infância e a adolescência são etapas da vida que deixam muita saudade. Esta é uma chance de fazer algo junto e que será lembrado", afirma a pediatra e especialista em adolescentes do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Beatriz Bagatin. De acordo com ela, tais possibilidades fazem da escola um ambiente mais completo, que "não está interessado apenas no aprendizado de seus alunos, mas também no lazer, nas relações humanas e nas habilidades individuais." Quando o estudante percebe que a escola se interessa pelo seu desenvolvimento, a consequência imediata é a melhora no desempenho.
As possibilidades não ficam restritas apenas à observação dos filhos. Os pais também são convidados a se envolver atividades esportivas, como as oferecidas pelo Colégio Marista. Toda a comunidade pode treinar na academia de ginástica da instituição, que tem na programação aulas de pilates, vôlei e basquete, mas os pais recebem descontos especiais nas mensalidades.
Alternativas
A presença permanente na instituição, no entanto, não é a única possibilidade de demonstrar interesse pelo desempenho do filho. Muitas escolas ainda não oferecem atividades abertas aos pais. Nesses casos, a alternativa é se aproximar da vida escolar dos estudantes mesmo que em casa, demonstrando interesse, como sugere a professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriane Knoblauch. "Quanto mais os pais vivenciam o dia a dia escolar dos filhos, melhor é o aprendizado. Para isso também vale saber o que está acontecendo, participar de eventos pontuais", diz. "O raciocínio do jovem é se meu pai não tem interesse pelo que eu estou fazendo, significa que isso não é importante. Logo, se o pai não olha o caderno do filho, não pergunta nada, passa a mensagem de que ele não se preocupa", complementa.