Todo final e começo de ano a professora de francês Karine Le Cam passa por um dilema. Mãe de quatro filhos prestes a entrar em férias entre os quais um de 2 anos e outro com 6 meses , esta é a época em que ela sai em busca de opções para deixar os pequenos enquanto trabalha. Embora seja relativamente grande o número de escolas em Curitiba que oferecem colônia de férias nos meses de dezembro e janeiro, os horários limitados de atendimento ou a falta de condições adequadas para receber crianças com menos de 6 anos dificultam a procura.Para quem tem parentes na cidade, avós ou tios são sempre uma saída de emergência. Mas não é o caso de Karine, que é francesa e está longe do restante da família. "Até agora os lugares que encontrei oferecem apenas meio período, por um preço alto, e não incluem todo o período de férias", lamenta a professora.
Numa comparação com seu país de origem, Karine conta que serviços similares aos das colônias de férias daqui são oferecidos em larga escala na França tanto pelo poder público como pela iniciativa privada. As atividades se estendem até o período noturno e a condução fica por conta da instituição que acolhe as crianças. Ela ainda conta que empresas francesas de grande porte mantêm espaços adequados para receber os filhos de seus funcionários. Nesses casos, o horário de funcionamento acompanha a rotina de trabalho dos empregados.
Opções
Em Curitiba, além de alguns colégios privados, são os clubes recreativos que oferecem serviços de colônia de férias, mas as características de atendimento são bastante variadas. Em geral, as atividades são voltadas para crianças a partir dos 6 anos de idade. Quem depende de berçários precisa recorrer a escolas infantis.
As unidades do Colégio Dom Bosco são algumas das que receberão, a partir do dia 11 de dezembro, crianças mais novas durante o período de férias. Segundo Isabel Silveira Simão, coordenadora da Educação Infantil, a procura é sempre muito grande. Somente na unidade do bairro Ahú, chega a 80 o número de crianças entre 4 meses e 5 anos inscritas para a colônia. O atendimento, entretanto, é exclusivo para alunos da rede.
Em outras instituições, como a Escola Santo Anjo, com três unidades na capital, mesmo os pais que não têm os filhos matriculados podem contratar os serviços durante o período de férias. De acordo com a diretora, Siona Boiko, as atividades são lúdicas e não dependem de participação na rotina pedagógica regular. "Isso permite que mesmos as crianças de outras escolas acompanhem as brincadeiras sem problemas", diz.
No setor público, Curitiba terá 28 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) funcionando no sistema de colônia de férias a partir do dia 9 de janeiro. Mas, somente famílias com crianças já matriculadas têm acesso ao serviço.
Prioridade na diversão
Especialistas são unânimes em afirmar que o tempo de férias, mesmo numa colônia, não pode ser tão cheio de atividades quanto no restante do ano. É o momento de priorizar ações prazerosas. "A criança tem de sentir mudanças. É hora de dar espaço à espontaneidade. Isso até contribui para a aprendizagem formal depois das férias", diz a professora Jocian Machado Bueno, do curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.
Sobre os serviços oferecidos em escolas infantis, Jocian alerta que é preciso estar atento à formação das pessoas que atenderão às crianças. "É importante que sejam profissionais que entendam de desenvolvimento infantil. Caso contrário, corre-se o risco de as atividades serem largadas ou dirigidas demais."
Ainda assim, nada substitui o tempo de qualidade que os filhos precisam passar com seus pais. A professora do curso de Psicologia da Universidade Positivo Maísa Pannuti lembra que muitas crianças passam o ano dividindo materiais e a atenção dos adultos com outros colegas na escola e em colônias de férias. "É preciso que os pais deem um tempo exclusivo a elas e que elas tenham um espaço que não precisem dividir", diz Maísa.