Sala de aula em Cingapura| Foto: YouTube/Reprodução

Decoreba, pressão por notas e longas horas de aula estão presentes há décadas no dia a dia das crianças e jovens no ensino fundamental e médio em Cingapura, um pequeno país com 5,4 milhões de habitantes. Pela exigência, o método é controverso, mas rendeu resultados: os estudantes de 15 anos do país obtiveram, de longe, as melhores notas nas disciplinas de linguagens, matemática e ciências em uma avaliação da qual participaram mais de 70 países, o Pisa, organizado pela OCDE e que é divulgado a cada três anos.

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Agora, porém, o país prepara uma mudança significativa para 2019: reduzir drasticamente as provas e trocar as avaliações por trabalhos, questionários e discussões em sala de aula. O motivo? A competitividade exacerbada entre os alunos, apesar de ser responsável pelo desempenho, tem sido causa de depressão e problemas psíquicos, com consequências negativas para a atuação profissional.

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De acordo com o Ministério da Educação do país, o ensino rígido, sem educação para a autoestima, não tem contribuído também para desenvolver competências exigidas hoje no mercado de trabalho, como flexibilidade e criatividade diante de dificuldades, autoconhecimento e bom relacionamento interpessoal. Para focar especificamente nessas habilidades, até 2023, serão incluídas ou aprimoradas nos currículos outras disciplinas, como artes e esportes, mas também robótica e laboratórios de projetos interdisciplinares.

De acordo com o ministro da Educação, Ong Ye Kung, chegou o momento de ensinar que “aprendizado não é uma competição”.

A alteração, anunciada em outubro, tem suscitado preocupação em setores da sociedade que temem uma redução da qualidade no ensino. Em defesa da mudança, o ministro e seus apoiadores dizem que o governo está apenas tentando “calibrar” o sistema entre “rigor” e “satisfação pessoal dos alunos”.

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Essa nova abordagem choca com os sistemas de educação dos países vizinhos, também no topo da educação internacional, segundo a OCDE, como Hong Kong e Coreia do Sul. A pressão interna e externa será grande e, por isso, o governo aguarda com grande expectativa se, de fato, as escolas do país adotarão as novas diretrizes ou inventarão novas formas de exames para burlar a proposta.

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Empregos no futuro

O Ministério da Educação também justificou sua proposta em levantamento apresentado no Fórum Econômico Mundial de 2018 sobre as novas competências que serão exigidas no futuro.

O estudo sugere que, em 2022, as habilidades necessárias para sobreviver no mercado de trabalho mudarão em média 42% se comparada às atuais, demandando treinamento e qualificação de funcionários nesse meio tempo. Competências como pensamento crítico, liderança, serenidade na resolução de problemas complexos são algumas das citadas pelo relatório; habilidades que os estudantes de Cingapura, apesar de serem tecnicamente melhores, precisam aprender, aponta o governo.

Sobre o Pisa

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é um exame realizado com estudantes de 15 anos de mais de 70 países e regiões. Os resultados das avaliações são divulgados a cada três anos e abrangem três disciplinas: linguagens, matemática e ciências. A última edição da avaliação é de 2015 e o Brasil ficou entre os piores países do mundo.

O gráfico abaixo, do site Statista, mostra quais foram os países com as melhores notas:

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