O representante da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão, apresentou nesta quarta-feira dados que evidenciam como a pobreza dos países está diretamente relacionada aos baixos investimentos em ciência e tecnologia. Em discurso na comissão da Câmara que discute ações em defesa do setor, ele disse que 90% dos pesquisadores do mundo trabalham em países desenvolvidos, que concentram 23% da população e acumulam 80% das riquezas mundiais.

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Mergulhão citou países como Irlanda, Espanha e Coréia, que investiram maciçamente em educação e inovação tecnológica nos últimos 40 anos e, como isso, melhoraram significativamente seus indicadores sociais. "Precisamos de política de Estado que, a longo prazo, garanta investimento, desenvolvimento e melhoria de vida da população brasileira", afirmou.

O presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), João Alziro Herz, criticou o distanciamento entre pesquisadores e a indústria. Segundo ele, apenas 1,7% dos trabalhos científicos indexados no mundo são do Brasil e o registro de patentes brasileiras não chega a 0,2% do total mundial.

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Herz disse que o instituto tem o compromisso de unir os dois setores e de se firmar como um órgão de excelência tecnológica no país. "É fundamental que tenhamos uma instituição de proteção do consumidor e meio ambiente que tenha base científica muito sólida", defendeu.

A presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Elisa de Campos Borges, chamou atenção para a necessidade de se ampliar a oferta de bolsas de estudo. Segundo ela, em 2001, foram concedidas 19 mil bolsas e, em 2003, o número caiu para 17,6 mil. Elisa criticou as desigualdades regionais no desenvolvimento científico. A região Norte, segundo Elisa, tem apenas 1,8% dos cursos de doutorado do Brasil. "O desenvolvimento científico está ligado à soberania de um país", disse.

A pesquisadora defendeu a urgente aprovação do Projeto de Lei 2315/03, do deputado Jorge Bittar (PT-RJ), que cria bolsas de estudo para o curso de pós-doutorado, doutorado, mestrado, aperfeiçoamento de formação em pesquisa, iniciação à formação em pesquisa e iniciação à formação em pesquisa júnior.