Cartas divulga palestra que não aconteceu: intimidação| Foto:

 O que deveria ser um debate de ideias sobre o feminismo na noite da última segunda (5), na UFG (Universidade Federal de Goiás), transformou-se em um conflito marcado por hostilidade e anulação da liberdade de expressão. A palestrante Thais Godoy Azevedo – que edita a página de Facebook “Moça, não sou obrigada a ser feminista” – foi alvo de manifestantes, que interromperam a realização do evento “Desmascarando o Feminismo”. A animosidade, gerada pela agressão verbal e uso de caixas de som para atrapalhar a palestra, fez o evento ser cancelado e levou Thais a ser escoltada para fora da instituição. Nas redes sociais, ela postou parte do incidente.

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Sobre ontem, esses foram os vídeos que eu fiz. Tenho recebido muitos outros de quem estava lá. Viva a tolerância! Viva...

Publicado por Thais Azevedo em Terça, 6 de junho de 2017
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“Alunos da PUC (Pontifícia Universidade Católica) e UFG pediram que falasse sobre meu estudo com o feminismo e libertarianismo”, conta Thais. “E foi o que organizei para a palestra: mostrar que feminismo é coletivismo e que todo coletivo se opõe à liberdade individual. Fui expulsa por várias pessoas, pessoas essas que se dizem tolerantes mas não suportaram ouvir nem meia hora de uma fala contrária à sua ideologia”. 

Além dos manifestantes, Thais e seu advogado, Giuliano Miotto, afirmam que uma professora chegou a esconder as chaves do auditório, reservado por um aluno, para impedir a realização do evento. “Tenho certeza que os docentes influenciam. Tanto é que professores de ambas instituições demonstraram total intolerância, chegando a me ameaçar por estar presente”, acredita Thais. 

“Era pra ser algo relativamente modesto, voltado para um público que estivesse a fim de ouvir, mesmo que fosse contrário”, explica Miotto, que estava na cidade para uma audiência de um processo relacionado à página do Facebook que Thais edita. “Temos provas materiais que isso [ação dos professores para impedir a palestra] aconteceu nos bastidores, além de ativistas do movimento feminista da faculdade, que tentaram barrar o evento de todas as formas”. O evento só ocorreu, segundo o advogado, porque o diretor da Universidade de Direito, Prof. Pedro Sergio dos Santos, “não permitiria cerceamento à liberdade”. 

Na avaliação do diretor, a argumentação contrária – que a palestra promovia discurso polêmico ou de ódio – se enquadraria em situação de censura prévia. “Não é possível prever o que a pessoa vai dizer. O Estado democrático de direito não permite que eu vete uma pessoa”, avalia Santos. “Se um trabalhador braçal quiser fazer uma palestra, nós escutamos. A partir disso, liguei pro reitor [Orlando Afonso Valle do Amaral] e expliquei a situação para ele. Ele tem a mesma posição que eu: de livre expressão”. 

Por meio de nota oficial, a UFG informou que “”as unidades acadêmicas possuem autonomia para promover seus eventos, desde que prezem pelo debate democrático e pelo respeito à diversidade de ideias”. Uma pessoa ligada à Universidade que não quis se identificar, no entanto, foi taxativa: “Ela conseguiu o que queria. O que as meninas feministas fizeram foi dar um tiro no pé, com esse tipo de hostilidade”.

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