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 | Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo Gazeta do Povo

Pesquisas publicadas este ano nos Estados Unidos trazem boas e más notícias para os jovens. Em comparação com a década de 1990, eles bebem, fumam e se drogam menos, têm menos parceiros sexuais que seus pais e as taxas de gravidez e de suicídio entre adolescentes diminuíram. Ao mesmo tempo, porém, os adolescentes e os que acabam de atingir a idade adulta apresentam cada vez mais atitudes infantis em casa e no mercado de trabalho e uma das causas disso, na opinião de Ross Douthat, articulista do The New York Times, é o mergulho profundo no mundo virtual que os fazem ineptos para enfrentar os obstáculos do mundo real.

Os indícios da imaturidade são vários, aponta o articulista. Nos últimos anos, pela primeira vez desde 1880, os jovens americanos entre 18 e 34 anos tendem a ficar mais tempo na casa dos pais. Apesar da pequena melhora da economia americana após a chamada Grande Recessão, registrada entre os anos 2000 e 2010, e a abertura de novos postos de trabalho, os trabalhadores jovens estão demorando mais para começar a trabalhar – ainda que as mulheres sejam um ponto fora da curva. Pesquisa mostra que um trabalhador desempregado nos EUA, sem diploma universitário, nessa faixa etária, pode passar entre 12 e 30 horas por semana em videogames. Em geral, essas pessoas se esforçam pouco por encontrar uma ocupação e, com o passar dos anos, o envelhecimento dificulta cada vez mais a sua vida profissional por não ter acumulado habilidades e experiências.

Para as pessoas enquadradas na pesquisa, o mundo virtual se transformou em uma espécie de ópio, um ‘adormecimento’ das qualidades que poderia adquirir. Nos Estados Unidos, onde a inclusão digital é um sucesso, os pobres passam mais tempo conectados que os ricos – e é a elite do país que mais limita o tempo dos jovens no mundo virtual.

A atração ao mundo virtual acaba sendo uma fuga convincente das dificuldades da realidade, mas sem os desafios que fazem a personalidade crescer. Para mudar esse quadro, na visão do articulista, é necessário ensinar as crianças desde cedo – em casa e na escola – a colocar limites ao ócio digital e a desfrutar dos bens da realidade.

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