William Shakespeare nunca sai de moda, mas ultimamente tem conquistado um espaço ainda maior na mídia. Primeiro, veio a versão de Hamlet montada por Aderbal Freire-Filho, com o ator Wagner Moura como o príncipe dinamarquês. A peça está no fim de sua turnê pelo país e poderá ser conferida pelos curitibanos no próximo fim de semana, no Teatro Positivo. Outro projeto que colocou o bardo inglês na mídia é a minissérie Som & Fúria, da Rede Globo, dirigida por Fernando Meirelles, no ar há duas semanas.
As duas propostas, embora diferentes, têm em comum o fato de quererem tornar a obra do escritor mais acessível. Durante a sua vida (ele morreu em 1616), Shakespeare foi um autor popular, criando peças admiradas tanto pelo povo quanto pela realeza. Desde então, sua obra adquiriu ares acadêmicos, afastando potenciais leitores. No exterior, ele é constantemente apresentado para novas gerações. Um dos exemplos é o festival Shakespeare in the Park, que acontece todos os anos em Nova Iorque, montando suas peças com artistas conhecidos.
Em Curitiba, uma semana do mês de abril foi dedicada a palestras sobre o autor, em evento organizado pelo Solar do Rosário. A professora Anna Camati, que com de Célia Miranda organizou o livro Shakespeare sob múltiplos olhares, acredita que a obra dele é sempre contemporânea. Segundo ela, o autor discute e questiona condutas éticas, morais, problemas existenciais e questões de gênero, raça e classe social que, mesmo depois de séculos, ainda não se esgotaram. "Ele não tem prazo de validade."
Segundo um dos maiores críticos literários da atualidade, o americano Harold Bloom, o dramaturgo é não só o "inventor" do ser humano, por sua influencia no pensamento ocidental, mas também o único autor verdadeiramente multicultural da história.