Ponta Grossa - O Paraná é o estado brasileiro que apresentou a maior queda na taxa de reprovação de alunos de 5.ª a 8.ª série no ano de 2007, em relação a 2006. Os dados do Censo Escolar feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), indicam que, em 2006, 15,9% dos alunos de 5.ª a 8ª séries da rede estadual não passaram de ano. Em 2007, o índice caiu para 13,5%. O ensino médio também reprovou menos alunos em 2007 no Paraná, em relação ao ano anterior: a taxa caiu de 13,1% para 12,2% no período. Em 2007, foi a décima taxa de repetência no ensino médio entre os estados brasileiros.
A secretária de Estado da Educação, Yvelise Arco-Verde, não relaciona a redução nas taxas à atuação dos conselhos de classe. No início do mês, reclamações de pais de alunos que ficaram supresos com a aprovação de seus filhos causaram polêmica em relação à atuação dos conselhos de classe (veja abaixo). "Eu continuo afirmando que não existe aprovação automática e o principal argumento é que o índice de reprovação no Paraná ainda é muito alto. São cerca de 160 mil alunos reprovados por ano", diz a secretária. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seed), a taxa de reprovação da 5.ª à 8.ª série na rede pública de ensino do Paraná é de aproximadamente 12,5%.
No Paraná, as séries que mais reprovaram são as do ensino médio e 5.ª do ensino fundamental. O governo do estado criou as salas de apoio para os alunos da 5.ª série. Atualmente, 1,5 mil turmas ganham reforço no ensino de Língua Portuguesa e Matemática. Já no ensino médio foi adotado o ensino em blocos, onde as disciplinas são divididas em dois semestres.
Extremos
A taxa de reprovação paranaense está na média brasileira. Entre os estados que se distanciam da média, um dos destaque é Acre, onde apenas 7,5% dos alunos de 5.ª à 8.ª série reprovaram em 2007. Lá, não existe conselho de classe, conforme a assessoria da Secretaria de Educação do Acre. Segundo a assessoria da secretaria, a menor taxa de reprovação brasileira se deve aos programas realizados pelo governo estadual, como o "Asas da Florestania" que leva educação às comunidades de difícil acesso. Atualmente, 447 comunidades isoladas são atendidas.
Do outro lado do ranking está o Distrito Federal, que reprovou 24% dos alunos de 5.ª a 8.ª série em 2007. Segundo informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal, os programas educacionais estão diminuindo o número de reprovados. Em 2008, conforme a secretaria, a taxa passou para 16,16%.
Promoção do aluno
Na análise da pedagoga e mestre em Educação Regina Estima, representante do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) de São Paulo na Campanha Nacional pelo Direito à Educação, os dados refletem uma nova visão sobre o sistema de ensino. Segundo ela, o mito de que "escola boa é escola que reprova" é coisa do passado hoje, na opinião da especialista, a escola deve promover o aluno. "Promover e aprovar pressupõe um padrão de aprendizagem consensuado. Se os resultados indicam alta reprovação é necessário reavaliar o processo e corrigir rumos", afirma.
Para Regina, a avaliação dos dados do Censo Escolar depende de outros fatores. "Para uma análise consequente dos índices de reprovação de uma escola ou de um sistema de educação, há que se levar em conta a complexidade do processo ensino e aprendizagem nas escolas públicas", diz.
A diarista Regina Célia Oliveira Quadros, moradora da periferia de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, acha que a falta de acompanhamento dos professores levou à reprovação de sua filha Karolaine de Oliveira, 12 anos. Regina ficou surpresa, ao descobrir durante a entrevista à reportagem da Gazeta do Povo, as matérias que fizeram a menina ficar mais um ano na 6.ª série. "Fiquei em Artes, Português, Matemática e Inglês", revelou a garota. "Artes, filha?", questionou Regina. "É que eu não entreguei os trabalhos", disse Karolaine.
Já para a estudante Patrícia Oliveira dos Santos, 15 anos, também de Ponta Grossa, a reprovação serviu como lição. Ela vai cursar o primeiro ano do ensino médio em 2010 e diz que a reprovação na sétima série, em 2007, a fez estudar mais. "Eu queria ter passado, mas por um lado foi bom porque eu pude estudar mais. Pelo menos não reprovei mais", comemora.