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Programa estadual

PCC, drogas e abusos sexuais: combates vencidos pelas escolas militarizadas de Roraima

O programa dos colégios estaduais militarizados existe no estado de Roraima desde 2012 e conta atualmente com 33 colégios (Foto: Instagram/CEM Severino Cavalcante)

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Estudar no Colégio Estadual Professor Severino Cavalcante, em Roraima, era sinônimo de medo. De acordo com o major Gibton D’Andrade, diretor atual da instituição de ensino, “a unidade era conhecida como a escola mais violenta do estado, com relatos diários de violência extrema”, relata o administrador, ao citar roubos e furtos frequentes dentro da instituição, tráfico de drogas, abuso sexual de menores e cooptação de alunos para organizações criminosas como PCC (Primeiro Comando da Capital).

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No entanto, a situação mudou após a comunidade aprovar o ingresso da instituição no programa de escolas estaduais militarizadas, que existe em Roraima desde 2012 e conta atualmente com 33 colégios. “Passamos a ter segurança no ambiente escolar e a ver o respeito entre alunos e professores”.

Segundo ele, a transformação ocorreu quando os militares realizaram mudanças na rotina da escola em busca de disciplina. “As denúncias reduziram drasticamente, e percebemos de imediato a forte retirada das organizações criminosas que atuavam aqui dentro”, informa o major, pontuando que todo o entorno do colégio na cidade de Boa Vista percebeu a diferença. “A comunidade escolar se manifestou sobre isso nas reuniões de pais e mestres”.

Diversas atividades são realizadas na instituição para incentivar a resistência dos alunos às drogas e à violência. Foto: Instagram/CEM Severino Cavalcante

O apoio dos pais e responsáveis também aumentou após a militarização da escola. Segundo o major, o modelo educacional em parceria com Corpo de Bombeiros e Polícia Militar aproxima as famílias da instituição de ensino já que “os pais são notificados com frequência a respeito dos filhos” e passam a ser mais ativos no desenvolvimento estudantil deles.

O resultado dessa parceria entre comunidade, militares e equipe pedagógica reflete no aprendizado dos estudantes. “Aqui a média para aprovação, por exemplo, é 70, mas alunos com média anual de 80 pontos são promovidos aos postos e graduações no batalhão escolar”, informa o diretor. “E aqueles que chegam a 85 ou mais recebem o Prêmio Alamar, condecoração recebida por cerca de 300 alunos a cada bimestre”, completa.

Além disso, D’Andrade conta que as regras da escola incluem critérios de comportamento, cidadania e assiduidade importantes para o desenvolvimento pessoal, e que a instituição oferece ainda atividades no contraturno, como aulas de musicalização infanto-juvenil — banda e fanfarra —, aulas de esportes, instruções de ordem unida e outras ações com auxílio dos militares. “Mudanças que começaram há pouco mais de um ano, desde a militarização de nossa escola em julho de 2022, mas que já mostraram efetividade”, garante o major.

Aulas de musicalização para tocar na banda do colégio estão entre as atividades oferecidas gratuitamente no contraturno escolar. Instagram/CEM Severino Cavalcante

Colégios militarizados de Roraima são “opção educacional de excelência”

A situação das escolas é semelhante em toda a rede. De acordo com José de Souza, secretário-adjunto de coordenação dos colégios militarizados de Roraima, a implantação do programa começou em 2012 com a escolha do Colégio Estadual Cel. PM Derly Luiz Vieira Borges como pioneiro do projeto.

“A partir dele, percebemos que o modelo de escola estadual militar seria uma opção educacional de excelência”, afirma o gestor, ao afirmar que a instituição obteve as melhores notas de toda Região Norte no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) em 2015 e 2019.

Os resultados chamaram a atenção das demais instituições do estado e outros 32 colégios entraram no programa até 2022 com “percentual médio de 95% da comunidade a favor da renomeação”, comenta o gestor, lembrando que esses locais enfrentavam graves problemas relacionados a “uso de drogas, armas brancas, desrespeito aos professores e servidores, e níveis de aprendizagem muito abaixo das metas previstas”.

No entanto, a mudança no modelo educacional trouxe segurança e melhora no aprendizado porque “a disciplina em sala de aula permitiu aos professores mais tempo em suas aulas e mais atenção dos alunos para os temas”, explicou o gestor, ao citar como exemplo a elevação em quase 1,0 ponto na média obtida pelo ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – indicador utilizado para medir a qualidade de uma rede de ensino. A média das escolas era de 3,1 antes da militarização e passou para 4,0.

“Vimos ainda redução significativa da evasão e repetência, melhoria considerável da disciplina, da imagem do colégio junto à comunidade local, e redução no uso de drogas e armas brancas”, pontua o gestor, adiantando que Roraima planeja militarizar outras três instituições até o fim de 2023 nas cidades de São João da Baliza, Caroebe e Uiramutã.

Além disso, o Colégio Cívico-Militar Fagundes Varela, que seguia o modelo federal encerrado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também integrará o projeto estadual a pedido da comunidade. Afinal, “os pais apoiam o modelo porque querem preparar seus filhos para exercerem a cidadania e enfrentarem o mundo do trabalho”, finaliza o secretário.

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