Uma pesquisa publicada nos Estados Unidos concluiu que os casos de adolescentes que se assumem como transgêneros de forma repentina podem ter relação com a pressão de amigos. O estudo foi divulgado recentemente pelo Journal of Adolescent Health.
O levantamento se baseia em questionário com 90 perguntas aplicado a 164 pais que reportaram casos súbitos da chamada disforia de gênero (demonstração de inadequação ou desconforto com o sexo de nascimento) em seus filhos.
Embora cerca de 0,7% da população americana seja identificada como transgênero, 38,8% dos adolescentes estudados tinham transgêneros como a maioria de seus amigos. Em quase dois terços dos casos, os grupos de amigos faziam chacota com quem não se identificava como LGBT. Em proporção semelhante, assumir-se como transgênero aumentou a popularidade do adolescente.
O estudo foi conduzido por Lisa L. Littman, da Icahn Scool of Medicine no Mount Sinai, em Nova York, um dos principais hospitais dos Estados Unidos. Na maior parte dos casos, os adolescentes envolvidos eram do sexo feminino. A média de idade foi de 15 anos.
Para 51,2% dos pais, o bem-estar mental de seus filhos piorou depois de os adolescentes anunciarem que são transgêneros. Apenas 13,6% relataram uma melhora. Já as relações familiares se tornaram piores em 58,6% dos casos, tendo melhorado em apenas 8,6%. Esses índices ficaram ainda mais negativos com o tempo: passados dois ou mais anos, 75,7% dos pais reportaram piora nas relações familiares – em nenhum caso houve melhora.
Conclusões
O estudo chegou a duas conclusões principais. A primeira é que a pressão de grupo parece exercer um papel importante na decisão de adolescentes de se declarar transgêneros.
“A disforia de gênero que ocorre no contexto de grupo de pares e influências online pode representar uma entidade distinta da disforia de gênero observada em indivíduos que foram previamente descritos como transgêneros”, diz. Na prática, isso significa que muitos dos adolescentes que se dizem transgêneros podem estar agindo como tal por pressão de amigos.
A segunda conclusão é que esses adolescentes tendem a se isolar em seus grupos e a rejeitar amizades, a família e fontes externas de informação. “A deterioração do bem-estar mental e da relação entre pais e filhos, famílias, amigos não-transgêneros e fontes convencionais de informação são particularmente preocupantes", diz a pesquisadora. Ela afirma ainda que novos estudos serão necessários para entender melhor o fenômeno.