“Atuo em uma área que está recebendo muita atenção e é realmente pertinente para as mudanças e decisões que teremos de fazer em relação ao futuro do meio ambiente", Carlos Soccol, professor de Biotecnologia Industrial| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

O paranaense Carlos Soccol, professor de Biotecnologia Industrial da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é o primeiro pesquisador do estado a receber o prêmio Scopus Brasil de produção científica. Concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes) em parceria com a editora holandesa Elsevier, a premiação segue critérios internacionalmente reconhecidos de medição da produtividade acadêmica e da relevância e repercussão de trabalhos e artigos.

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Foram agraciados 16 pesquisadores de várias instituições do país, apenas oito de fora de São Paulo. O resultado, acredita Soccol, se deve mais ao alto nível de iniciativa do governo paulista do que a deficiências dos outros estados. "Lá se tem uma maior facilidade para começar uma pesquisa. A Fapesp (Fun­dação de Amparo à Pesquisa do Estado São Paulo) é mais bem ro­­busta que outras agências de fomento estaduais", compara. O efeito disso não se limita ao número ou qualidade das pesquisas. "Como há mais recursos, a Uni­versidade de São Paulo, por exemplo, acaba atraindo muito mais pesquisadores para seus quadros", aponta.

Doutor em genética enzimática, microbiologia e bioconversão pela Universidade Tecnológica de Compiègne, na França, Soccol coor­­­dena o programa de mestrado internacional em Biotecnologia Agroindustrial e Agroalimentar da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul­tu­­ra (Unesco), que promove o intercâmbio entre alunos de vários países.

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Dentro do quadro de projetos que orienta, três frentes de trabalho são destacados pelo pesquisador. Mais ligadas à questão ecológica, Soccol cita as pesquisas de técnicas de sequestro de carbono e geração de energia renováveis a partir de produtos agrícolas. O uso de plantas e outros materiais da biodiversidade local para desenvolver medicamentos é um trabalho de potencial econômico. "O que buscamos é agregar valor aos produtos agrícolas do estado. Usar o material nativo para criar produtos inovadores", sintetiza.

Para o pesquisador, o reconhecimento externo demonstra que as pesquisas estão dando certo. Al­­guns resultados expressivos já estão protegidos por patentes e recebem patrocínios da iniciativa privada. O cenário, no entanto, tem muito a melhorar. "A presença do empresariado ainda é um pouco modesta. Muitos não veem que seu próprio futuro depende de investimento em tecnologia e pesquisa e que isso passa pela Uni­versidade", afirma.