Uma sequência de operações em universidades públicas (UFPR, UFSC e, na última semana, a UFMG) alimentou o discurso de que a Polícia Federal está perseguindo o ensino público. Agora, a corporação reagiu.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal – ADPF publicou nota em defesa da delegada Erika Mialik Marena e da Operação Ouvidos Moucos (que investigou desvios na UFSC). No texto, a entidade manifesta repúdio às manifestações contra a operação.
O caso se tornou emblemático para sindicalistas e movimentos de esquerda porque, após ser preso durante a investigação, o reitor Luiz Carlos Cancellier acabou cometendo suicídio.
“É possível que setores alcançados pelas investigações empreendidas pela Polícia Federal nos últimos anos estejam capitaneando um movimento para induzir a imprensa e a sociedade ao erro de apoiar medidas que criminalizem e dificultem a atuação dos atores da persecução penal”, diz a nota.
O texto também pede que “em vez de obstáculos indevidos aos atores da persecução criminal, sejam criados mais mecanismos que fortaleçam a prevenção e repressão da corrupção”.
A nota também menciona a morte do reitor da USFC: “Não se pode admitir que terceiros se utilizem da dor e comoção da família para tentar macular a imagem da Polícia Federal, mormente quando não se observa o mesmo empenho em questionar a forma como eram geridos aqueles recursos públicos”.
O reitor havia sido preso em 14 de setembro, durante operação da PolÃcia Federal.
Publicado por Gazeta do Povo em Segunda, 2 de outubro de 2017
Histórico
A operação Ouvidos Moucos, realizada em setembro, investigou desvios de R$ 80 milhões em recursos de cursos de Educação a Distância (EaD) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Na ocasião, foi decretada a prisão de sete acusados, entre eles o reitor da universidade, Luis Carlos Cancellier Olivo.
Em outubro, Olivo foi encontrado morto em um shopping em Florianópolis. A causa da morte foi apontada como suicídio. Na nota, a entidade ressaltou que a investigação foi comprida com regularidade e retira a responsabilidade do Estado pela morte do reitor.
Em fevereiro, a PF havia cumprido 29 mandados de prisão em uma operação que investigava desvios na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Na semana passada, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também foi cenário de uma operação da PF. Neste caso, o foco eram possíveis irregularidades na obra do Memorial da Anistia, executada pela universidade. O reitor da instituição, Jaime Arturo Ramirez, foi levado coercitivamente para depor. O caso gerou protestos de sindicalistas e professores na porta da PF, que foi acusada de perseguição às universidades.
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