Cidade do Pará tem o pior Ideb do Brasil| Foto: Divulgação / Pau D Arco

Entre as piores escolas públicas de ensino médio do país, a briga é acirrada. Quando se considera o mais baixo desempenho em Português, o município de São Francisco de Assis (PI) tem a pior nota do Brasil. Canelinha (SC) é a cidade com o pior resultado em Matemática. Mas a nota mais baixa do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) cabe ao município de Pau D’Arco, no Pará: 1,5.

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Criado em 2007, o Ideb é formado pela composição de dois fatores: as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep - a Prova Brasil e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) -, e a taxa de rendimento escolar (o percentual de aprovação dos estudantes, obtido a partir do Censo Escolar).

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É por isso que, apesar de não ter as piores notas, Pau D’Arco amarga a última colocação por culpa de seu baixo aproveitamento: a taxa de aprovação do município é de 45% na primeira série do ensino médio, aumenta para 64,3% na segunda série e oscila para 52,9% na terceira. De toda forma, o desempenho de seus alunos também é baixo. Reflexo de um ensino fundamental que também apresenta problemas: a qualidade do 9º ano do ensino fundamental, medida pelo Ideb, foi de 3,3, menor que a média pública nacional, que foi de 4,4.

“O ensino médio traz o acúmulo de deficiências de etapas anteriores do ensino. Quase 55% dos alunos das escolas públicas brasileiras chegam ao terceiro ano do ensino fundamental analfabetos ou com capacidade de leitura insuficiente, temos um problema grave, que vai passando de ano em ano e chega até o ensino médio”, afirma Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV/EBAPE.

“O que nós temos no ensino médio é uma grave crise de aprendizagem, que resulta das etapas anteriores e agrava porque agrega novos problemas. Os 30 melhores países do exame internacional Pisa oferecem de sete a nove horas de aula e no máximo oito matérias. Nós no Brasil temos período letivo de quatro horas, com 13 matérias, todas obrigatórias”.

Baixa renda

Se a cidade com maior Ideb em ensino médio do Brasil, a gaúcha Dois Lajeados, tem o 420o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), Pau D’Arco (PA) tem IDHM de 0,574 e fica na 4.764a posição. Fundada em 1991, a cidade tem apenas 6 mil habitantes, vivendo em uma área de 1.678,66 km². Sua população apresenta baixa renda per capita, o equivalente a apenas metade da média nacional, e a mortalidade infantil é de 17,24 óbitos para cada mil nascidos vivos, acima da média brasileira de 14 mortes para cada mil nascidos vivos.

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No noticiário, Pau D’Arco ficou conhecida pela chacina da fazenda Santa Lúcia, em 2017, quando dez posseiros foram mortos dentro da propriedade de quase seis mil hectares – um grupo de 17 policiais é acusado pelos disparos durante uma operação para cumprir mandados de prisão contra suspeitos da morte de um vigilante. No mesmo ano, o hospital público da cidade foi fechado a pedido do Ministério Público do Pará, que identificou que o local não apresentava condições de utilização.

Reforma ampla

A região foi ocupada a partir da construção da rodovia PA-150, em 1972, quando a área foi utilizada para construir casas para os trabalhadores. Empregados pela Serraria Pau D’Arco, muitos acabaram permanecendo ao fim das obras na pista. A infraestrutura só começou a surgir muitos anos depois, lentamente.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do município não se manifestou. Mas a cidade, que conta com duas escolas na sede do município e cinco na zona rural, para atender a 1.190 alunos, recebeu, em 2018, uma ampla reforma na escola estadual de ensino médio da cidade, chamada Paul Hannemann. As obras custaram R$ 3 milhões e foram financiadas com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Indicadores ruins

Confira um raio-x de Pau D’Arco:

  • População: 6.033
  • PIB per capita: R$ 15.950,19
  • Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM): 0,574
  • Taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade: 95,5%
  • Matrículas no ensino fundamental: 1.248
  • Matrículas no ensino médio: 283
  • Docentes no ensino fundamental: 59
  • Docentes no ensino médio: 10
  • Número de estabelecimentos de ensino fundamental: 9 escolas
  • Número de estabelecimentos de ensino médio: 1 escola
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Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)