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Bárbara, de 16 anos: perguntas polêmicas aos candidatos a prefeito. | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Bárbara, de 16 anos: perguntas polêmicas aos candidatos a prefeito.| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Em ano eleitoral entra na agenda uma série de debates na sociedade – dos quais as escolas não poderiam ficar de fora. Seja para uma maior conscientização social, ou para esclarecer alunos em idade de votar sobre a importância de conhecer previamente os candidatos e suas propostas, a política passa a ser prioridade. Muitas são as práticas adotadas e as maneiras de abordar e esclarecer o tema.

Na turma do professor de Filosofia Loivo José Mallmann, do Colégio Medianeira, os alunos se colocam no lugar dos candidatos a prefeito – mas sem a necessidade de vestir terno e gravata. São formados grupos, cada qual responsável por pesquisar o plano de governo de um concorrente à prefeitura. "Dividimos os estudos em cinco objetos de análise, com dois tópicos cada: educação e cultura, saúde e meio ambiente, transporte e habitação, segurança e juventude, e trabalho e geração de empregos. Os grupos avaliam as propostas e as defendem, apresentam em sala e debatem", explica Mallmann.

Esse tipo de prática, segundo o professor, permite que os estudantes conheçam – e analisem – as propostas independentemente de simpatizarem com elas. E ainda promove o confronto das propostas e pensamentos dos alunos com a realidade da cidade, a partir de uma "viagem" por Curitiba usando o caminho percorrido pela linha de ônibus Interbairros II. "Faremos paradas em pontos estratégicos para que os alunos possam ver as mazelas da capital e analisem, a partir do que os candidatos apresentaram, se é possível resolvê-las", diz ele.

Outra forma de levar o assunto para a sala de aula é realizar um ciclo de palestras com os postulantes a prefeito, como fez o Colégio Marista Paranaense. As turmas do segundo e terceiro anos do ensino médio, divididas em grupos de 100 a 160 jovens, participam do papo e os alunos são incentivados a estudar os assuntos e levar perguntas já elaboradas. O diretor educacional Mário José Pykocz diz que a intenção é formar um cidadão mais crítico e participativo.

A estudante Bárbara Malcut, 16 anos, freqüentou as palestras e diz que ficou impressionada com a participação dos seus colegas. "O pessoal pensou: já que os candidatos vêm aqui, vamos fazer perguntas que os desafiem. E todo mundo comprou a idéia. Nenhum assunto, por mais polêmico que fosse, passou despercebido". Segundo Bárbara, atividades como o ciclo de palestras não se restringem ao pátio do colégio. "Estimulou muito a conversa com meus pais. Eles davam dicas do que eu poderia perguntar e depois discutíamos em casa o que os candidatos responderam."

A importância dessas práticas está no fato de elas estimularem nos alunos a vontade de falar sobre política. Preocupação também presente nas aulas de filosofia comandadas pela professora Veronica Alves Zanim Colletti, do Colégio Estadual Victor Ferreira do Amaral. Para ela, os jovens se envolvem mais em política nos períodos eleitorais e a deixam de lado em outras épocas. Para tentar resolver o problema, ela procura, de forma criativa, aliar temas específicos da disciplina ao momento atual. "Estudamos primeiro a política de Maquiavel (que dizia que "os fins justificam os meios") e depois assistimos a vídeos do Horário Eleitoral Gratuito. Rende boas discussões e tenho conseguido manter a atenção da turma assim."

Porém, debates políticos – assim como os religiosos e futebolísticos – costumam tratar de assuntos ácidos e podem servir a interesses pessoais. Para evitar isso, a professora Lysvania Villela Cordeiro, coordenadora de História do Ensino Médio das Escolas Positivo, é enfática: "não se pode fazer doutrinação em sala de aula. O professor precisa abordar o tema da forma mais isenta possível."

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