A Unicamp nem mesmo aparece no ranking das 1.000 melhores universidades do mundo da Times Higher Education. Mas, pelo menos na concorrência, ela é comparável às primeiras colocadas.
Para o próximo vestibular, serão 73.498 candidatos disputando 3.340 vagas na universidade paulista. Ou seja: apenas 4% dos inscritos serão aceitos. O nível é menor do que o de universidades americanas de ponta, como Stanford (4,7%), Harvard (5,1%), Princeton (6,4%), e o MIT (7,2%).
Na USP, a disputa também é acirrada: serão 137.581 candidatos disputando 8.402 vagas, o equivalente uma taxa de aceitação de 6,1%.
Outras federais têm taxas um pouco mais elevadas, mas ainda comparáveis à de boa universidades americanas: a UFPR (9,8%) tem concorrência bem menor do que a da prestigiada Cornell (14%).
É bom lembrar que esses números levam em conta todos os cursos. Quando analisados apenas os mais concorridos, o funil das universidades brasileiras é muito mais estreito: apenas 0,3% dos candidatos ao curso de Medicina na Unicamp são aprovados, por exemplo.
Mas, se essas instituições estrangeiras são tão mais prestigiadas, e se recebem candidatos do mundo inteiro, por que não são são mais concorridas do que a Unicamp?
Existem três motivos para isso.
Como não existe vestibular nos EUA, o aluno precisa fazer uma prova-padrão (SAT ou ACT). Com base na nota que obtém, ele já consegue ter uma boa ideia de quais universidades podem aceitá-lo. Além disso, o rendimento no ensino médio (medido pelo chamado GPA) também é essencial no acesso às melhores instituições de ensino. Qualquer coisa longe da perfeição costuma impedir o acesso a Harvard. Resultado: os alunos com notas ruins ou medianas nem mesmo tentam entrar nas universidades mais prestigiadas, o que funciona como um filtro prévio e reduz a concorrência.
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Apesar de oferecer bolsas, Harvard é uma instituição cara (um ano de estudos custa, em média, R$ 230 mil) – ao contrário das federais brasileiras, que não cobram mensalidade e têm uma taxa de inscrição relativamente modesta. Ou seja: não custa (quase) nada tentar.
É comum, no Brasil, que estudantes fiquei dois ou três anos dedicando-se apenas ao cursinho pré-vestibular depois de terminarem o ensino médio. Isso aumenta o número de concorrentes em cada vestibular. Nos EUA, mesmo que não seja aceito na sua primeira opção, o estudante busca um plano B para iniciar a faculdade de imediato, o que reduz a quantidade de candidatos por vestibular.
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