A Escola Municipal Piratini, na região de Pinheirinho, em Curitiba, tem cerca de 400 alunos. A maioria mora no entorno, em casas com poucos cômodos e muita gente. A principal opção de lazer para as crianças é a própria rua, que não oferece segurança. É nesse contexto social que atua o projeto Protagonistas em Ação, desenvolvido há cinco anos por meio de uma parceria entre a escola municipal e o Centro de Transformação Social Vida Nova, uma organização da sociedade civil (OSC) local.
A iniciativa foi uma das 32 finalistas da 12º edição do Prêmio Itaú-Unicef, que busca estimular ações de educação integral em todo o Brasil. Na cerimônia de premiação, realizada na última segunda-feira, dia 11, em São Paulo, foram anunciados os quatro vencedores. O projeto Protagonistas em Ação não levou a recompensa de R$ 200 mil, mas Doris Faria, assistente social e fundadora da OSC de Pinheirinho, diz que ter chegado à última etapa do prêmio entre 1.651 concorrentes já valeu como um importante reconhecimento do trabalho. A premiação em dinheiro também ajuda: a escola ganhou R$ 60 mil reais por ter chegado à final.
De acordo com Doris, o principal objetivo do Protagonistas em Ação é unir instituição de ensino, OSC e famílias, a fim de proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as crianças. Matheus Henrique da Silva Campolim, 9, está no terceiro ano e é um dos 30 estudantes que fazem parte do projeto. Entre as atividades de informática, reforço de matemática e de português, rodas de leitura, olimpíadas de conhecimento e capoeira, a que ele mais gosta é essa última. Mas ele também gosta de ler, e mostra que sabe contar suas histórias preferidas de cor.
Há três anos como um “protagonista em ação”, Matheus incrementou o projeto com uma atividade. “Eu inventei o piquenique”, conta ele. “A gente coloca uma toalha bem bonita no chão, cada um traz uma coisa para comer, e a gente divide tudo”, explica o menino. A ideia virou rotina e o piquenique passou a acontecer toda quinta-feira, no espaço da escola ou do centro.
Pará
Do outro lado do país, na cidade de Bragança, no Pará, outros estudantes também estão tendo a oportunidade de criar novos hábitos na escola e na comunidade onde vivem. No projeto Aluno Repórter – a Imprensa na Escola, os estudantes aprendem a elaborar pautas, buscar informações dentro e fora da escola e transformar a apuração em reportagens. O material é veiculado de segunda a sexta, das 8h às 9h, pela rádio Educadora AM, que tem alcance em Bragança e municípios vizinhos, e ainda pela TV Educadora.
Esse trabalho conjunto da Fundação Nossa Senhora do Rosário com a Escola Estadual de Ensino Fundamental do Rocha foi um dos vencedores da 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef. Também foram premiados os projetos Cultura, Esporte e Cidadania, de Criciúma, em Santa Catarina; Olho Vivo, de Niterói, no Rio de Janeiro; e Circulando Cultura na Escola, de Major Sales, no Rio Grande do Norte.
Aprendizado extracurricular
Com uma proposta de oficinas esportivas e culturais e promoção de cursos profissionalizantes em parceria com o Senai, o projeto Cultura, Esporte e Cidadania envolve 565 crianças e adolescentes e é encabeçado pela Escola Municipal de Educação Básica e Ensino Fundamental Padre Paulo Petruzzellis e pela organização Bairro da juventude.
Já o projeto Olho Vivo é de responsabilidade da Escola Estadual Guilherme Briggs junto com a Associação Experimental de Mídia Comunitária (Bem TV). Nele, 54 adolescentes entre 13 e 18 anos aprendem a fotografar, filmar e desenvolver aplicativos com objetivo não só na inserção profissional, mas também no desenvolvimento da criticidade.
Na ação da escola Municipal Antonio José da Rocha com a Associação Comunitária Sociocultural de major Sales, as atenções estão voltadas para as tradições populares. Através do Circulando Cultura na Escola, os alunos são incentivados a conhecer a cultura local por meio da troca com mestres e mestras da região e de um mapeamento sobre as histórias, lendas, artesanatos, ofícios e manifestações presentes no entorno onde vivem e estudam. O aprendizado é exibido em apresentações de música, dança, teatro e contação de história para a comunidade.
Premiação
Todos os projetos concorrentes ao Prêmio Itaú-Unicef são frutos de parcerias entre escolas públicas e organizações da sociedade civil, criadas com foco na promoção de atividades que proporcionem o aprendizado extracurricular. “A proposta de educação integral permite levar em conta todos os componentes do desenvolvimento de um jovem, tanto cognitivo como social, afetivo, físico e emocional. Por isso a educação integral favorece o desenvolvimento e contribui, ao final, para reduzir as desigualdades sociais, que é o nosso maior desafio no Brasil”, afirmou a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer.
De acordo com Bauer, o país tem hoje cerca de 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. Atrair esses jovens para as salas de aula e, ao mesmo tempo, evitar a evasão daqueles que já estão matriculados estão entre as principais colaborações que se acredita que a educação integral pode ter.
Para fomentar essa proposta, o Itaú Social e o Unicef propõem a formação de educadores ao longo de todo o ano, além de oferecer o estímulo financeiro. As premiações em dinheiro são distribuídas em três etapas. Neste ano, do total de inscritos, foram pré-selecionados 96 iniciativas, que receberam R$ 20 mil. Destes, chegou-se à escolha das 32 finalistas, dotadas com mais R$ 40 mil. Os últimos quatro ganhadores levaram R$ 200 mil. De acordo com o regulamento do prêmio, esses recursos devem ser destinados à manutenção e ampliação dos projetos, por parte das OSCs, e ao fortalecimento de ações de educação integral, no que cabe às escolas.
A partir de 2018, as edições do prêmio passarão a ser anuais, em vez de bienais, como vinha sendo desde que o prêmio foi criado, há 22 anos.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”