As amigas Alana, Júlia e Ana Kássia, todas de 9 anos, sonham em entrar no Colégio da Polícia Militar: plano exigirá intensificação dos estudos no próximo ano| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Veja quais são as instituições públicas de Curitiba que promovem exames de seleção:

5ª série

Colégio da Polícia Militar (www.apmf-cpm.com.br)

Colégio Militar de Curitiba (www.cmc.ensino.eb.br)

Ensino médio

Colégio da Polícia Militar (www.apmf-cpm.com.br)

Colégio Militar de Curitiba (www.cmc.ensino.eb.br)

Ensino médio integrado ao técnico

Universidade Tecnológica Federal do Paraná (www.utfpr.edu.br)

Instituto Federal do Paraná (www.ifpr.edu.pr)

Centro Estadual de Educação Profissional (www.diaadia.pr.gov.br/det)

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Estudar em escolas públicas que se destacam nas avaliações do Ministério da Educação (MEC) é privilégio para poucos. Há número insuficiente de vagas e interessados em excesso. A disputa para o ingresso na 5.ª série do ensino fundamental do Colégio Estadual da Polícia Militar, por exemplo, aproxima-se da concorrência para o curso mais concorrido da Universidade Federal do Paraná: são 30,32 candidatos por vaga em Medicina e 25 para o Colégio Militar.

A competição acirrada antecipa, para muitas crianças e adolescentes, a pressão do vestibular. As amigas Ana Kássia Campos Miguel, Júlia Amaral e Alana da Silva, todas com 9 anos, devem viver essa experiência em breve. As três estudam na mesma turma da 3.ª série do ensino fundamental da Escola Municipal Presidente Pedrosa e, apesar de ainda não estarem na 4.ª série, já sonham com uma vaga na 5.ª série do Colégio Estadual da Polícia Militar. Por isso, antes mesmo de acabar o ano letivo, os pais das meninas já pensam em como será a preparação para a seleção, que ocorrerá no fim do ano que vem.

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A cabeleireira Laudenice Maria da Silva, 45 anos, e a manicure Carla Aparecida Campos, 35 anos – mães de Alana e Ana Kássia –, planejam matricular as filhas num curso preparatório no segundo semestre de 2010. Além disso, no primeiro semestre, pretendem aumentar o ritmo dos estudos diários das meninas. Já o pai de Júlia, o técnico em mecânica Marcelo Moraes do Amaral, 34 anos, pretende auxiliar a filha em casa na preparação para o concurso. "A vida é uma pressão. Por isso tem de começar cedo mesmo", diz. As três meninas dizem saber que terão de estudar muito para conseguir passar. "Gosto de estudar e quero estar numa escola de boa qualidade", diz Alana.

A preocupação com processos seletivos também é comum entre estudantes que estão concluindo a 8.ª série. Eles sonham com a possibilidade de fazer ensino médio em instituições públicas bem conceituadas, para um melhor preparo ao vestibular, ou em fazer o ensino médio integrado com o técnico. Para o estudante da 8.ª série do Bom Jesus Luiz Eduardo Narahara Perotti, 14 anos, tentar uma vaga no curso técnico em Mecânica integrado ao ensino médio da Universidade Tecno­lógica Federal do Paraná (UTFPR) foi uma das melhores opções encontradas. "Minha família não tem condições financeiras muito boas para eu continuar estudando em escola particular", diz. Para se preparar, Luiz se matriculou num curso preparatório no segundo semestre. "Pensei que minhas notas iriam despencar na escola, mas, ao contrário, melhoraram muito", diz.

Já Cláudio Roberto Barbosa Filho, 14 anos, que estuda na 8.ª série do Colégio Logus, optou por fazer cursinho desde o início do ano. Até a metade do ano tinha aulas no cursinho à tarde, além das aulas da 8.ª série pela manhã. Depois das férias, o ritmo do cursinho aumentou, com aulas todos os dias. O estudante vai tentar uma vaga em Técnico de Segurança do Trabalho na UTFPR e outra no ensino médio do Colégio da Polícia Militar. "Se nada der certo, vou tentar UTFPR de novo no meio do ano que vem. Passei na prova da metade do ano passado", conta.

Preparo em casa

O capitão Josseguai Ribeiro, comandante do corpo de alunos do Colégio Estadual da Polícia Militar, diz que, apesar da concorrência, o conteúdo cobrado nas provas dos exames seletivos é compatível ao ensinado na 4.ª e 8.ª séries do ensino fundamental. Uma das sugestões de Ribeiro é que os candidatos observem as semelhanças entre o que é ensinado na escola e o que é cobrado na prova. "Dá para estudar em casa, a não ser que algum conteúdo fique de fora do que será cobrado", diz. Outra recomendação feita por Ribeiro é que os pais e alunos visitem o colégio. "Adotamos a filosofia militar e é preciso saber se a criança ou adolescente irá mesmo se ajustar à condição de aluno", diz.

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Já a pró-reitora de ensino, pesquisa e extensão do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Zita Castro Machado, lembra que a instituição, assim como a UTFPR (o processo seletivo das duas instituições passou a ser integrado a partir deste ano), trabalha com o sistema de cotas para estudantes de escolas públicas e afrodescendentes. "A concorrência para estes estudantes é menor. Não é necessário fazer cursinho. O conteúdo cobrado é aquilo que é passado no ensino fundamental", diz.

Mesmo assim, o diretor pedagógico do curso Acesso, Pedro Adriano Brandalize, defende que é necessária uma preparação para quem pretende passar nesses exames. "Estudar em cima da hora não funciona. Assim como assistir aula pensando só na prova. O importante é que o conhecimento seja aprendido", diz. O Acesso irá oferecer, a partir do ano que vem, o oitavão, em sua nova sede no bairro Boqueirão. Os estudantes interessados em prestar processos seletivos em instituições públicas para o ensino médio terão uma aula a mais por dia, focada na preparação para estes exames. "Com isso, os alunos que faziam escola e depois cursinho poderão evitar dois deslocamentos", afirma Brandalize.