O movimento é comum e recorrente ano após ano: ao começar o segundo semestre letivo, a preocupação de pais e alunos com as notas aumenta. Não apenas as matérias se acumularam, mas o tempo para recuperar os conteúdos fica mais curto.
Com o receio da reprovação, muitos pais apostam em colocar seus filhos em aulas particulares, para assim tentar salvar todo um ano de estudo e evitar atrasos na formação. Tanto que um dos estabelecimentos que oferecem essas aulas em Curitiba assegura que a procura é imensamente maior no segundo semestre em comparação com o primeiro, e o volume se concentra concentra ainda mais no último trimestre de cada ano. Em 2010, o Quero Aula registrou 533 alunos no primeiro semestre contra 1.467 no segundo, número 175% maior. Apenas nos três últimos meses do ano, foram 954 alunos inscritos para as aulas particulares.
Já em 2011, a empresa acumulou (de janeiro até a primeira metade de setembro) 1.053 alunos e a expectativa é, mais uma vez, de um número ainda mais alto no último trimestre. "No segundo semestre a procura começa a crescer, ainda mais a partir de setembro. E a tendência que observamos é a de que os pais ainda deixam as aulas particulares para o momento de desespero, nos últimos meses do ano, quando falta pouco tempo para as provas finais", diz Karime Longen, sócia da Quero Aula.
Precaução
A orientação, no entanto, é a de que os esforços pelas notas melhores sejam antecipados, tendo início logo a partir dos primeiros sinais de dificuldades dos alunos. Esta etapa, de diagnóstico e acompanhamento dos filhos, é tida como decisiva e pode inclusive indicar se o jovem realmente necessita das aulas particulares.
"O primeiro passo é entender por que isso (a dificuldade no aprendizado) vem acontecendo. E as razões podem ser várias: a escola não ser a ideal, o aluno estar passando por algum problema pessoal ou mesmo a não compreensão de uma matéria específica", diz Araci Asinelli Luz, professora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
De acordo com ela, a opção pelas aulas complementares deveria vir apenas no caso de uma dificuldade pontual do aluno em um conteúdo. "Se não, as aulas podem até conseguir evitar a reprovação, mas isso não quer dizer que a questão do aprendizado será resolvida", diz Araci.
Já se o caso do jovem realmente exigir as aulas, o professor particular pode ter um papel importante na educação do aluno. "Ele deve ser importante na função de despertar a capacidade do estudante, sempre pensando não em substituir, mas somar ao ensino da escola", afirma a professora.
Auxílio para reforçar conteúdos específicos
Mãe do estudante Gustavo, de 15 anos, a empresária Raquel Bacaleinik apostou em aulas particulares para melhorar o rendimento do filho, principalmente em Matemática, matéria em que ele teria algumas dificuldades.
"As escolas acabam tendo alguns furos, deixando, por vezes, de entrar em detalhes que poderiam fazer a diferença para alguns alunos. Por isso, veio a opção pelas aulas particulares", descreve Raquel. Gustavo, que está no primeiro ano do ensino médio, reprovou a série em 2010. Neste ano, sentindo algumas das mesmas dificuldades, conversou com a mãe sobre a possibilidade das aulas particulares. Elas começaram ainda em julho, período que possibilitaria um prazo maior de estudos para o jovem.
Segundo Raquel, o acompanhamento vem sendo positivo, uma vez que o professor vem conseguindo "dar auxílio de perto aos conteúdos específicos que o filho precisa melhorar e entendendo suas demandas". Com isso, os resultados nas provas e no aprendizado de Gustavo, de acordo com a mãe, já estão melhorando.
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