“Entrou na UnB [Universidade de Brasília], no curso de jornalismo, pelo sistema de cotas” e agora “prega contra a ocupação da universidade, compactua com o golpe de Estado”. Assim começava uma postagem do professor Marcos Bagno, do Departamento de Línguas Estrangeiras e Tradução da UnB, contra o estudante Bruno Henrique de Moura, retirada do Facebook após gerar grande polêmica na comunidade acadêmica, em crítica contra o aluno.
A favor da ocupação da instituição pelos alunos e pela resistência ao governo de Michel Temer, Marcos Bagno é contra o movimento “Respeita Minha Aula”, formado por estudantes como Bruno, que querem voltar a ter aula. “A criatura foi adotada desde a barriga, se salvou de uma vida de pobreza, perseguição e infelicidade, entrou para uma família de gente honesta, trabalhadora e amorosa, se valeu das cotas e agora quer se passar por branco, classe média e meritocrático”, disparou o professor.
O professor que é reconhecido internacionalmente por ser especialista, entre outros temas, no chamado ‘preconceito linguístico’, expressão que significa o julgamento depreciativo da fala coloquial em detrimento à culta, foi alvo de ataques de outros professores e alunos.
“Mentalidade de bagno: ‘eh muita ousadia um preto pobre discordar desse branco doutor chefão de letras da unb! Xeu mostrar qual o lugar dele” (sic), escreveu um aluno. “A liberdade de expressão passou longe desse professor hein, que abuso... Mesmo não concordando com as suas opiniões políticas eu respeito seu posicionamento até porque você não tirou suas bases políticas do vento. Expor um aluno assim pelo simples fato de não concordar com a opinião do mesmo é patético, na moral (sic)”, comentou outra estudante.
No Facebook, Bruno negou alguns dos dados colocados pelo professor e confirmou que nunca teve aula com ele. O grupo “Aliança pela Liberdade”, também formado por alunos contrários às ocupações disse que Bagno se assemelha aos antigos “senhores de engenho”. “Hoje, em um post no FB (imagem), ao reduzir o que seria uma divergência política a questionamentos sobre a vida pessoal de Bruno, sobre sua cor de pele, sugerindo inclusive que ele ‘merecia receber uma enxada para capinar de sol a sol’, imperativo muito próprio aos senhores de engenho, Bagno deu provas inequívocas de intolerância e de propensão inexistente ao debate”.
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