Um professor foi agredido por um grupo de lideranças indígenas depois que solicitou a execução do hino nacional brasileiro durante o encontro "A Amazônia Centro do Mundo", nesta segunda-feira (18), na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Altamira (PA). O momento foi acompanhado por gritos de "Fora Bolsonaro".
Doutorando em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB) e consultor, Edward Luz, acompanhado de produtores rurais, quase foi retirado à força do local. Nas imagens do vídeo, é possível ver o cacique Raoni entre os descontentes com o pedido do antropólogo.
Segundo Edward, além da resistência com o hino houve uma tentativa de criminalização de produtores da Amazônia. "O absurdo maior é considerar democrático um evento promovido por organizações internacionais, em uma universidade pública, que querem criminalizar produtores rurais da região, privilegiando apenas uma minoria ligada a seus interesses", diz o consultor.
"Ninguém aqui quer destruir a Amazônia, todos os produtores rurais que eu conheço amam a Amazônia, produzem com satisfação, e muitos têm demonstrado paixão pela região, de produzir e preservar", completou.
Sobre a acusação de que estava "causando tumulto" durante o evento, o professor disse que se manifestou nos momentos em que tentavam difamar os produtores rurais. "Em nenhum momento nos deixaram falar, na verdade nós conquistamos voz de plateia gritando lá as palavras que nos vinham à cabeça, com nossas manifestações genuínas e democráticas. Vaiamos com muito empenho todas as falas discriminatórias", observou Luz.
“Infelizmente esses produtores foram hostilizados e estão sendo sucessivamente silenciados por uma minoria histérica, engajada em criminalizar nossos produtores, chamando-os de grileiros, de mineradores ilegais e dizendo que eles possuem propriedades ilegais na região, sendo que a maioria já produz e quer continuar produzindo com responsabilidade e sustentabilidade", completou ele.
De acordo com Edward, somente depois da intervenção que ele fez é que a reitora da UFPA pediu para que fosse cantado oficialmente o hino nacional. "É lamentável, nem sequer tinham preparado [a execução do hino], a decisão foi de última hora, ou seja, havia um despreparo e não tinham interesse nenhum em representar nossa pátria”, esclareceu.
Edward trabalhou na Funai e é criticado pelas minorias organizadoras do evento por emitir laudos que, segundo esses grupos, "favorecem os grandes produtores de terra". Edward nega essa versão dos fatos e diz ter sido perseguido por tentar ser justo com ambos os lados quando trabalhava na Fundação. Ele negou ainda fazer parte do grupo de evangelizadores "New Tribes Mission Brasil", como foi divulgado nas mídias sociais do evento.
Entre as organizações responsáveis pelo evento estão a UFPA, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, a Prelazia do Xingu, a Conexão África Brasil, o Coletivo de Mulheres do Xingu, entre outras. Na abertura, a atriz Fernanda Silva apresentou a performance "Invonlutários da Pátria", segundo a qual os indígenas e depois os negros teriam sido "convertidos em pobres para servirem ao sistema capitalista".
Procurados, nem a UFPA e nem os organizadores do evento se pronunciaram sobre o ocorrido.
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