O professor Marcos Magalhães, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), está sendo ameaçado por denunciar ponto de tráfico de drogas na UnB.| Foto: Gazeta do Povo
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Até as 15h desta quarta-feira (11), permaneciam fixados na Universidade de Brasília (UnB) cartazes de intimidação ao professor Marcos Magalhães, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Além de ameaças nas redes sociais, há uma espécie de "fogueira" de entulhos com o nome de Marcos nas instalações internas da faculdade.

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Veja imagens da FAU feitas nesta quarta-feira

Meses atrás, ele solicitou à Reitoria a limpeza e fiscalização de uma pequena praça da instituição, um espaço de convivência, que estaria sendo utilizada para que "frequentadores externos à universidade" consumissem e vendessem drogas, tomassem banho em um ponto de água e, até mesmo, carregassem bateria de tornozeleira eletrônica em um ponto de energia.

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A manutenção da chamada "pracinha da FAU", feita pela administração principal, ocorreu a pedido dos próprios servidores, que denunciaram, formalmente em novembro de 2019, "a aproximação e permanência de pessoas estranhas às atividades universitárias [...] conversas em voz alta, queima de ervas diversas, geração de poluição sonora e do ar de forma a interferir seriamente nas aulas".

Na última segunda-feira (9), Magalhães enviou um ofício com provas à Polícia Federal, solicitando apuração e segurança para que ele possa retornar pessoalmente às funções acadêmicas.

Nas redes sociais, internautas publicam mensagens como "se forem passar o trator na fau podem se preparar pra terceira guerra mundial"; "vou comprar maconha pros playboy me salvar onde?; "tô preocupado, o diretor da fau é bolsonarista e provavelmente tá ligado nas atividades que ocorrem lá"; "Vou matar o M***** T****".

Segundo fontes que preferem anonimato, o professor estaria sendo ameaçado "por pessoas interessadas na continuidade daquilo que ali estava". "Politicamente, este é o ano de escolha da reitoria, então há pessoas interessadas em desgastar a gestão para interferir de alguma forma na escolha do reitor", diz. Marcos garante que não será candidato à reitoria da UnB.

Solicitações

"Venho, muito respeitosamente, solicitar a Vossa Senhoria providências no sentido de recuperar integralmente o espaço de jardim (externo) do Instituto Central de Ciências, adjunto ao espaço físico que abriga a nossa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo", solicitou um professor à direção da FAU, em 2019.

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E ainda: "Prezado Diretor, venho por meio desta informar situações ocorridas nos arredores da FAU que estão a atrapalhar o adequado desenvolvimento de minhas atividades de ensino, pesquisa e extensão. São duas situações que estão se repetindo de maneira cada vez mais frequente, ambas relacionadas ao uso de drogas ilícitas", diz. "Por diversas vezes tenho que parar as atividades de ensino para solicitar aos usuários de drogas que se retirem da área conhecida como 'Pracinhada FAU'".

A Reitoria acolheu os pedidos e executou a manutenção do espaço. "Esta direção informa estar ciente e entende a necessidade das intervenções propostas para sanar os problemas que motivaram a abertura do presente processo [...] Conforme entendimentos mantidos na reunião ocorrida na VRT, em 17/02/2020, e considerando os fatos e informações contidos neste processo, esta Direção está de acordo com as providências solicitadas [...]".

Resolução do Conselho Universitário da UnB de 2012 é clara quanto às regras nos espaços de convivência: uso de drogas é proibido em qualquer espaço da universidade, e é vedada qualquer atividade que prejudique aulas.

UnB

Embora tenha afirmado, em nota de 2019, que estava ciente da situação, a UnB solicitou à direção da FAU, recentemente, "informações detalhadas, com as devidas comprovações documentais, sobre o consumo e a venda de drogas no interior da Faculdade e suas imediações".

Quanto às ameaças sofridas pelo diretor, a instituição apenas disse ter sido informada e que encaminhou o processo para a Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (Cpad), "para apuração de responsabilidades".

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"Sobre a limpeza da área adjacente ao ICC Norte, esclarecemos que as ações foram tomadas pela Prefeitura da UnB após pedido da direção da FAU. A Reitoria solicitou ao diretor que encaminhasse as justificativas para o pedido, assim como as atas do Conselho da FAU que subsidiaram as decisões da direção a esse respeito, em cumprimento ao que estabelecem o Estatuto e o Regimento Geral da UnB", afirma, em nota. "A Universidade não compactua com qualquer tipo de prática ilícita e repudia quaisquer atos violentos e/ou de vandalismo praticados nos campi da instituição".

Até a publicação dessa reportagem, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal não havia respondido à solicitação de entrevista. A UnB também não atendeu ao pedido de entrevista por telefone.

"Cracolândia da UnB"

À Gazeta, um membro da comunidade acadêmica, que preferiu não ser identificado, afirmou que a chamada "pracinha da FAU" era a "cracolândia da UnB". "Era muito comum ver pessoas com tornozeleira eletrônica na região e tráfico de drogas pesado, considerado pela polícia do DF como um dos principais pontos de venda de drogas da cidade, em termos de lucratividade", disse.

Outra estudante que conversou com a reportagem em anonimato afirmou que já observou uso e possível venda de drogas na instituição. "Como estudante, também estamos aqui para combater isso, de alguma forma. E fica feio para a própria universidade. Aqui não é lugar pra isso", disse.

Os estudantes pretendem realizar uma assembleia na tarde desta quarta-feira, às 17h30, para discutir a gestão do diretor Marcos.

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* Veja imagens da FAU feitas nesta quarta-feira (11):

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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