Em um dos primeiros dias de aula da Escola Primária Dos Puentes, em Manhattan, em setembro, uma aluna nova chamada Michelle levantou o olhar escondido pelas lentes azuis dos óculos e deu um suspiro.
“Posso beber água?”, perguntou a menina de seis anos. “Diga en español”, Rebeca Madrigal, a professora do primeiro ano, respondeu. Michelle parou.“Posso beber ‘água’?”, traduzindo apenas a última palavra. Foi um começo.
Adesão
Em Utah, o currículo bilíngue é oferecido em 9% das escolas públicas do ensino primário; em Portland, no Oregon, 10% de todos os alunos e quase 20% dos jardins de infância, também participam doprograma de dois idiomas.
Dos Puentes, escola inaugurada há três anos no bairro de Washington Heights, tem um currículo bilíngue, o que significa que as matérias, como Leitura e Matemática, são ensinadas em duas línguas, com o objetivo de tornar os alunos fluentes em ambas. Embora já não seja mais considerada novidade nos EUA, a iniciativa agora ganha novos adeptos, encarada como vantagem tanto para os anglófonos como os não-nativos – e em várias regiões seu número disparou.
Nova York ganhou 39 currículos bilíngues novos ou expandidos este ano, além dos 25 que existem desde 2013. Entre os idiomas, agora há aulas de árabe, chinês, francês, creole haitiano, hebraico, coreano, polonês e russo, sem contar os mais de uma dúzia em espanhol.
Em Utah, são oferecidos em nove por cento das escolas públicas do ensino primário; em Portland, no Oregon, dez por cento de todos os alunos e quase vinte por cento dos jardins de infância, também participam. Os esforços para aumentar esses números e expandir o acesso a eles já acontece em estados como Delaware e na Carolina do Norte.
A assessora Libia Gil, que também é diretora da agência de aquisição de língua inglesa do Departamento de Educação dos EUA, informa que, embora não haja uma contagem definitiva do número de programas no país, tudo indica que já se tornou um movimento.
Em alguns locais, como na cidade de Nova York, o principal objetivo da expansão é aumentar o acesso aos nativos da língua inglesa, como afirmam as autoridades municipais.
Tradicionalmente, o ensino das crianças é praticamente todo em inglês, mas um número cada vez maior de pesquisas sugere que, embora os alunos possam levar mais tempo para se formar no currículo bilíngue, quando chegarem ao fim dessa fase e/ou ao ensino médio, a tendência é obterem um desempenho acadêmico tão bom ou até melhor que os colegas, com mais chances, inclusive, de serem considerados oficialmente fluentes em inglês.
“Se alguém está lhe ensinando ‘maçã’ e você está pensando ‘manzana’, não vai acrescentar nada ao conhecimento que já possui”, afirma Victoria Hunt, diretora da Dos Puentes.
A verdade é que esses programas também oferecem uma solução parcial ao problema intratável da segregação escolar. Para John B. King Jr., assessor do Departamento da Educação que, em breve, será o secretário interino da pasta, eles podem ser um veículo para o aumento da diversidade racial e sócio-econômica nas escolas, pois atraem pais mais abastados.
Na Escola para Estudos Internacionais, de ensino primário, em Cobble Hill, no Brooklyn, o número de matrículas no primeiro disparou – e foram de trinta, no ano passado, para cem em 2015. A diretora, Jillian Juman, calcula que metade dos interessados foi atraída pelo recém-instaurado programa da International Baccalaureate e a outra metade, em busca de um currículo bilíngue, que, no caso, é em francês.
“Permite uma diversidade muito maior, não só em termos linguísticos, mas culturais e sócio-econômicos também”, diz ela.
Um número cada vez maior de pais anglófonos encara a alfabetização dos filhos em duas línguas como um fator importante na economia global. Em Delaware e Utah, as iniciativas estaduais para aumentar esse tipo de educação são vistas como um meio de aumentar o bilingualismo entre os nativos.
“Eu quero duas coisas: que os alunos de Delaware possam ir a qualquer lugar e trabalhar em qualquer coisa e atrair empresas de vários lugares do mundo, podendo dizer que aqui, entre outras coisas, temos uma mão de obra bilíngue”, afirma o governador democrata de Delaware, Jack Markell.
Em relação aos anglófonos, há poucas pesquisas sobre a forma como os programas bilíngues afetam seu desempenho nas métricas padrão, como os exames estaduais.
Entretanto, Jennifer Steele, professora associada da Faculdade de Pedagogia da American University que está concluindo uma pesquisa sobre os programas bilíngues de Portland, diz que seu trabalho prova um desempenho melhorado tanto de anglófonos como daqueles que estão aprendendo inglês em determinados graus e certas matérias ao fim do curso elementar.
Realizar esse diferencial, contudo, pode ser complicado. Dependendo do modelo, as aulas geralmente são ministradas de 50-90 por cento no idioma-alvo, com o resto em inglês. Alguns programas mudam a língua ao longo do dia, enquanto outros as alternam em um esquema dia sim, dia não ou por matéria. Principalmente no início, muitas palavras faladas em sala de aula nunca foram ouvidas pelas crianças antes.
Liz Menendez, professora do jardim de infância da Dos Puentes, diz que sempre conversa com os alunos para tranquilizá-los e garantir que podem superar o desafio.
“Se você deixar isso bem claro logo de cara, eles vão saber que é só uma questão de tempo e prestar muita atenção. São verdadeiras esponjas. É só mesmo adaptação”, explica.
Arilda Crisostomo, que é filha de dominicanos, mas nasceu nos EUA, disse que escolheu o programa para que a filha de sete anos, Brooke Lynn Jackson, possa falar com os membros mais velhos da família em espanhol, mas também lhe dar uma vantagem profissional no futuro.
“Sabemos bem que ela terá muito mais facilidades na hora de se virar aí pelo mundo pelo fato de ser bilíngue. É bem diferente de apenas falar espanhol”, reflete ela.
Foi um começo. Dos Puentes, escola inaugurada há três anos no bairro de Washington Heights, tem um currículo bilíngue, o que significa que as matérias, como Leitura e Matemática, são ensinadas em duas línguas, com o objetivo de tornar os alunos fluentes em ambas. Embora já não seja mais considerada novidade nos EUA, a iniciativa agora ganha novos adeptos, tanto para os anglófonos como os não-nativos.
Nova York ganhou 39 currículos bilíngues novos ou expandidos este ano, além dos 25 que existem desde 2013. Entre os idiomas, agora há aulas de árabe, chinês, francês, creole haitiano, hebraico, coreano, polonês e russo, sem contar os mais de uma dúzia em espanhol.
Tradicionalmente, o ensino das crianças é praticamente todo em inglês, mas um número cada vez maior de pesquisas sugere que, embora os alunos possam levar mais tempo para se formar no currículo bilíngue, quando chegarem ao fim dessa fase e/ou ao ensino médio, a tendência é obterem um desempenho acadêmico tão bom ou até melhor que os colegas, com mais chances, inclusive, de serem considerados oficialmente fluentes em inglês.
“Se alguém está lhe ensinando ‘maçã’ e você está pensando ‘manzana’, não vai acrescentar nada ao conhecimento que já possui”, afirma Victoria Hunt, diretora da Dos Puentes.
A verdade é que esses programas também oferecem uma solução parcial ao problema intratável da segregação escolar. Para John B. King Jr., assessor do Departamento da Educação que, em breve, será o secretário interino da pasta, eles podem ser um veículo para o aumento da diversidade racial e sócio-econômica nas escolas, pois atraem pais mais abastados.
Um número cada vez maior de pais anglófonos encara a alfabetização dos filhos em duas línguas como um fator importante na economia global. Em Delaware e Utah, as iniciativas estaduais para aumentar esse tipo de educação são vistas como um meio de aumentar o bilingualismo entre os nativos.
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