Marcia Friggi: hematoma e corte no rosto após agressão| Foto: Reprodução/Facebook

A promotora da Infância e da Juventude de Indaial (SC), Patricia Dagostin Tramontin, disse nesta terça-feira  que deve pedir uma punição “dura” ao jovem de 15 anos que agrediu uma professora dentro de uma escola da cidade. De acordo com ela, o garoto é reincidente.

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Em geral, segundo a promotora Tramontin, medidas socioeducativas para casos de agressão preveem prestação de serviços comunitários. Mas como o garoto tem antecedentes, ela planeja pedir a internação dele. "É um adolescente que não respeita nada, que não tem limites. Já tem um histórico de agressões. Precisamos pensar em uma medida mais dura." 

Segundo a promotora, o garoto já cumpriu medida socioeducativa por agressão em 2016. A vítima foi um colega de classe. No histórico do rapaz há também agressões contra familiares. "Ele não tem referências familiares importantes. Não tem família estruturada", disse Tramontin. 

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O procedimento legal ainda está no âmbito da polícia. Só depois que o caso chegar à Promotoria é que a medida socioeducativa será pedida à Justiça. 

O delegado José Klock, da Delegacia de Polícia Civil de Indaial, disse que pretende concluir o inquérito até a sexta-feira. "Há um clamor muito forte para que essa investigação avance, então vamos dar prioridade a ela." 

O policial afirmou que Indaial "é uma cidade pacata, com pessoas educadas" e os moradores "estão chocados com o que aconteceu". "Nós nunca tivemos um caso assim", disse. 

Polícia 

De acordo com relato da professora à Delegacia de Polícia Civil de Indaial, a agressão aconteceu às 10h de segunda-feira no Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos) da cidade. Era a primeira aula dela com o aluno. No depoimento, Marcia contou que o rapaz se irritou quando ela pediu que ele tirasse o livro de cima das pernas e o colocasse sobre a mesa. O aluno teria se recusado e a xingado. 

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Ainda segundo o depoimento, a professora pediu para o aluno se retirar da sala e ir até a direção. No caminho, segundo a educadora, o rapaz jogou-lhe o livro, que não a atingiu. A agressão aconteceu na sala da direção. Marcia diz ter levado três socos, a ponto de cair contra a parede. Segundo ela, o aluno "é alto, é forte, é um homem". A professora é magra e mede 1,65 m. 

Antecedentes 

O conselheiro tutelar Jair Gilmar Gonzaga informou que o aluno denunciado pela professora já "precisou de encaminhamentos anteriores" da repartição, mas não detalhou os motivos. Limitou-se a dizer que foi por "problemas" nas escolas em que já estudou. "O que podemos dizer é que nunca tivemos um caso de agressão com esta magnitude aqui na cidade. É algo atípico", disse. 

Uma professora da rede municipal da cidade ouvida pela reportagem disse que o aluno "é agressivo" e que está no Ceja porque não conseguiu fazer os ensinos básico e fundamental com os colegas da mesma faixa de idade. "Ela já bateu em colegas. Bateu até na mãe. É um garoto com problemas sérios de relacionamento, sem orientação", disse a professora, que pediu para não ser identificada. 

Experiência

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Marcia Friggi dá aulas de português em mais de uma escola de Indaial, há 12 anos. Ela ficará sete dias em casa, de atestado médico. 

"A professora Marcia é uma profissional respeitada. É uma pessoa comedida. Sempre respeitou os alunos", disse Andrea Cordeiro, coordenadora de uma escola onde a professora leciona. 

Nesta terça, ela afirmou que o comportamento do aluno "é reflexo da falta de respeito que ocorre em toda a sociedade" e que "na sala de aula isso vem à tona". Marcia disse ter recebido milhares de mensagens de carinho, mas também "manifestações de ódio", o que "não surpreende". 

Ela afirmou que não tem expectativas sobre o que vai acontecer com o aluno. "A minha parte eu fiz. Não me acovardei. Procurei a polícia, fiz corpo de delito. Agora não é mais comigo." 

Outro lado

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A reportagem não conseguiu contato com o aluno acusado de agressão, nem com a família dele. Os nomes do rapaz e dos pais não foram fornecidos pelo Ceja, pela Secretaria de Educação, pela Polícia Civil, pelo Conselho Tutelar e pelo juizado da Infância e Juventude. 

Até a tarde desta terça, ele também não havia sido ouvido formalmente por nenhuma entidade que pudesse, indiretamente, fornecer sua versão. 

A direção do Ceja não comentou o assunto. Informou que só a Secretaria de Educação do município falaria sobre o caso. Em nota, a pasta confirmou a agressão, informou que prestou apoio à professora e declarou que repudia "qualquer tipo de agressão moral ou física independentemente da motivação". "A Secretaria de Educação está acompanhando todos os fatos e continuará prestando o apoio necessário à professora", diz o texto. A nota não faz alusão ao aluno. 

O prefeito de Indaial, Andre Moser (PSDB), informou nesta terça que a situação escolar do aluno será discutida nos próximos dias e que a agressão já foi comunicada às autoridades competentes.