O ProUni Programa Universidade para Todos completou quatro anos em 2008 com um saldo positivo: o número total de bolsas de estudo saltou de 112 mil em 2005 para 225 mil, totalizando mais de 450 mil concessões. O programa do governo federal tem como objetivo repassar bolsas parciais e integrais para estudantes de baixa renda em universidades particulares. As instituições ganham em contrapartida a isenção de cinco impostos, entre eles o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Apesar disso, o ProUni não é unanimidade entre os educadores. Há os que reclamam dos critérios de seleção. Os alunos devem ter renda per capita familiar máxima de três salários mínimos e serem egressos do ensino público, ou particular com bolsa integral. O argumento é que em muitos casos os estudantes fazem um esforço e unem a renda de toda a família para poder pagar um cursinho pré-vestibular ou ganham os estudos de algum padrinho. Mas não quer dizer que possam pagar uma universidade. Esses estudantes automaticamente ficam fora do programa.
Outra crítica é que o governo deveria investir na criação de vagas nas universidades públicas, que possuem maior investimento em setores como pesquisa e extensão. O governo diz que, por um lado, a criação de vagas exige mais verba, e que, por outro, o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (ReUni) vai sanar esse problemas nas universidades federais. Com o ProUni, o governo quase não tem gastos, apenas deixa de arrecadar impostos.
Os estudantes do programa são selecionados de acordo com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quem vai melhor tem a chance de ocupar as vagas nos cursos mais concorridos, como Medicina e Direito. Os alunos que atingem nota inferior a 45 estão fora. Como a disputa está acirrada, há casos em que o último colocado entra com nota 60 ou 70.
O objetivo do governo federal é tentar cumprir a principal meta do Plano Nacional de Educação quando o assunto é ensino superior: ter pelo menos 30% dos jovens com idade entre 18 e 24 anos nos bancos universitários até 2011. Hoje, esse índice é de 16%. De acordo com especialistas, para cumprir a meta o caminho será árduo.
Somente no Paraná, o número de bolsistas saltou de 9.483 para 14.042 em quatro anos. Em Curitiba, foram 3.500 no último semestre de 2008 em mais de 20 instituições. O estado que mais oferece bolsas é São Paulo, com mais de 60 mil. A maior parte dos estudantes é branca, do sexo masculino e estuda à noite.
Outra crítica ao programa é que quase 70% dos cursos que tiraram nota 1 a mínima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) abrigavam estudantes do Prouni. A legislação que criou o programa prevê que a instituição que tenha mal desempenho duas vezes seguidas seja descredenciada, mas como a avaliação dos cursos ocorre de três em três anos, o processo é demorado. A preocupação do governo é que o ProUni não se torne uma forma de faculdades ou centros universitários de baixa qualidade continuarem abertas.