Os estudantes que fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo, tiveram que escrever sobre o tema "Trabalho Infantil no Brasil" na prova de redação. Para produzir o texto, o aluno teve o auxílio de um gráfico que indicava o quadro do problema por cada região do país. A questão deveria ser respondida em um texto de, no mínimo, 15 linhas. Para comentar a prova, a Gazeta do Povo Online conversou com dois professores da área, de um cursinho de Curitiba. As opiniões se assemelham.
Na avaliação da professora de redação do curso Expoente, Anna Beatriz da Silveira Paula, a questão induziu os alunos a tomarem uma mesma direção nos seus textos. "Foi bastante tendencioso, sempre buscando uma visão negativa sobre o assunto. Deveria utilizar uma visão mais ampla que não apareceu", opina. Para ela, o tema não foi difícil e as informações oferecidas foram suficientes para que o aluno pudesse formalizar uma argumentação consistente sobre o assunto. "O gráfico estava uma maravilha, conseguiu oferecer bastante subsídio", considera a professora.
A opinião é compartilhada pelo professor de Língua Portuguesa do mesmo curso pré-vestibular, Wallace Stocco Martinez. "Os textos estavam tendenciosos, para que o aluno se posicionasse contra o trabalho infantil", avalia, se referindo a frases como "a crueldade do trabalho infantil é um pecado social grave em nosso país" e "a dignidade de milhões de crianças brasileiras seta sendo roubada". O professor conta ainda que não ficou surpreso com o tema e que "trabalho infantil" foi assunto da última avaliação de uma de suas turmas de 1º ano do ensino médio. "É um tema bem recorrente. Eles sabem do que se trata e puderam escrever com facilidade", afirma.
Neste ponto, a avaliação se difere da opinião da professora Anna Beatriz. "Normalmente, os alunos se preparam para temas mais polêmicos, como corrupção, mensalão, envolvendo políticas partidárias. Não que trabalho infantil esteja de fora das políticas partidárias, mas fica a surpresa", avalia a professora. E complementa: "Mas é bom surpreender o aluno, para ele não decorar uma fórmula para passar nas provas", diz.
Da forma como foi proposto o tema, a professora afirma que o estudante poderia traçar pelo menos duas linhas diferentes de raciocínio. "Ele poderia trabalhar as diferenças regionais e o problema nacional independente da região", diz Anna Beatriz. A professora conta que, nesta segunda-feira, recebeu cerca de 50 e-mails de alunos comentando e questionando a prova de redação do Enem, grande parte em torno do assunto Educação. "A maioria quis saber se poderia ter traçado um paralelo com o tema. E eu disse que sim, que seria excelente".
A estudante do terceirão do curso Dom Bosco, Arielle Sviontek, de 17 anos, também ficou surpresa com o tema. "Não foi difícil, mas achei estranho, poderia ser sobre desarmamento", afirma a candidata a uma vaga no curso de Arquitetura da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Arielle classificou a prova de Biologia como a mais fácil e a de Química como a mais difícil do exame. Segundo ela, de uma maneira geral, a prova do Enem estava tranqüila de fazer. "Só foi cansativa, as questões eram muito grandes", reclama.
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