O obelisco e a estátua de granito representam a independência do Paraná em relação à Província de São Paulo | Leandro Taques/Arquivo GP
O obelisco e a estátua de granito representam a independência do Paraná em relação à Província de São Paulo| Foto: Leandro Taques/Arquivo GP

Primeiro jornal

No dia 1º de abril de 1854 começou a circular o primeiro jornal paranaense, "O Dezenove de Dezembro". Era feito pelo tipógrafo Cândido Lopes, que trouxe os equipamentos de impressão de Niterói (RJ) a pedido do governo provincial. O jornal era semanal e circulou até 1890.

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O significado da praça

A praça é mais conhecida como a "do Homem Nu", pois lá está a estátua em granito da Serra do Mar, projeto do artista Erbo Stenzel, na década de 50, representando o povo paranaense sem medo do futuro após a emancipação.

Durante as comemorações do centenário da emancipação política do estado, em 1953, foi erguido o obelisco. Mais tarde, em 1973, a "mulher nua", que ficava aos fundos do Palácio Iguaçu foi trazida à praça, representando a Justiça. Sua presença até hoje gera polêmica entre os urbanistas e artistas da cidade, já que não faz parte do conjunto original.

Beirando o chafariz está o painel em azulejos de Poty Lazaroto, representando a evolução política do Paraná. Do outro lado, esculpidas em granito pelo próprio Erbo Stenzel, imagens em alto relevo mostram os ciclos econômicos paranaenses.

Fonte: Secretaria de Estado do Turismo.

Muita gente passa todos os dias pela Praça 19 de Dezembro, no centro de Curitiba, e nem imagina porque o local recebe esse nome. É nesta data que se comemora a emancipação política do Paraná, que neste ano completa 155 anos. "Em 29 de agosto de 1583, D. Pedro II assinou a Lei Imperial 704. Quatro meses depois instalou-se a Província do Paraná. Assim, o estado deixou de ser a Quinta Comarca de São Paulo e passou a ter uma administração independente", explica Wilson Maske, doutor em História e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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Na época, os presidentes das províncias eram indicados pelo governo imperial e, para o Paraná, o escolhido foi o baiano Zacarias de Góes Vasconcelos. "Esse cargo servia como uma escola para a administração do governo imperial", diz Maske. O primeiro desafio do novo governante foi povoar o território, até então considerado desabitado. Foi iniciado, assim, um movimento para atrair trabalhadores urbanos de outras capitais, como padeiros, pedreiros e marceneiros.

De acordo com Nelson Tomazi, sociólogo, historiador e professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a emancipação política do Paraná foi um projeto do governo imperial com o objetivo de unir os interesses regionais daqueles que dominavam política e economicamente a região – os produtores de erva-mate – com os interesses da Coroa, criando uma zona intermediária entre a Província do Rio Grande do Sul e a Província de São Paulo e Minas Gerais. "Elas eram uma ameaça ao Império brasileiro, pois representavam forças liberais, políticas e militares que buscavam uma mudança no país", diz Tomazi.

A escolha da capital se deu um ano após a assinatura da Lei Imperial 704 e Paranaguá, Curitiba, Castro e Lapa eram as cidades que concorriam ao posto."Todos esses centros urbanos tinham quase o mesmo tamanho – entre seis e sete mil habitantes. Curitiba foi contemplada porque estava localizada estrategicamente no centro de todos eles e também porque era a cidade mais rica e importante", explica o professor da PUCPR.

Na visão do ex-professor da UEL, a emancipação do Paraná significou a estruturação política independente de um grupo de pessoas e famílias que já dominavam as estruturas municipais e as atividades econômicas. "Assim, essa elite poderia se dirigir diretamente ao poder imperial e não mais a uma instância intermediária composta pelos mandantes da Província de São Paulo. Isso significava autonomia para gerir os negócios políticos e econômicos deste novo território, que agora tinha um espaço delimitado para exercer o seu poder", diz.

Um dos principais resultados da criação da nova província foi a modernização de Curitiba. Algumas mudanças também marcaram o cotidiano das pessoas. "Houve melhorias nas esferas do ensino e da segurança pública", diz Tomazi.

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O Paraná em sala de aula

Procurar trabalhar a história do Paraná sempre associada à história nacional. Essa é, na opinião da professora de metodologia do Ensino de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Nádia Gaiafatto Gonçalves, o maior desafio do professor em sala de aula. "A história regional deve ser apresentada como um todo, inserida no contexto nacional. É preciso mostrar ao aluno porque o tema é importante para ele. Nada mais adequado do que trazer para a sua realidade mais próxima, que é o estado onde mora", diz ela.

Livros, filmes, visitas a museus, projetos de pesquisa compõem o leque de recursos disponíveis para ensinar temas históricos aos estudantes. Na opinião da professora da UFPR e doutora em educação, Cleusa Gabardo, a dramatização é também um recurso rico. "Por meio do teatro diversos pontos importantes podem ser refletidos. É possível pensar o cenário em que o fato ocorreu, os diferentes grupos envolvidos e seus interesses, os personagens que se destacaram – não só os mais importantes. Podemos despertar o interesse dos alunos pelo desafio e fazer com que eles busquem informações para montar a apresentação", diz ela.

Leia Mais

A Invenção do Paraná, de Wilson Martins – Imprensa Oficial do Paraná. História do Paraná, de Ruy Wchowicz – Editora Gráfica Vicentina, 1995, e Imprensa Oficial do Paraná, 2002. Atlas Histórico do Paraná, de Jayme Antonio Cardoso e Cecília Maria Westphalen – Livraria Chaim Editora, 1986.

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