aprimoramento
Formação continuada
Tornar-se professor não deve ser o último passo de um jovem que acaba a licenciatura, mas apenas o início de uma jornada. Segundo Ana Maria Petraitis Leblik, professora da UFPR e doutora em Educação pela USP, "a maturidade necessária ao jovem professor é saber que ele vai precisar continuar estudando".
Isso é feito pelos dois professores entrevistados, que fizeram questão de engatar um curso de mestrado. Maria Luísa optou pelos Estudos Literários. Lucas, que tem formação em Matemática e Engenharia Civil, estuda agora Educação. "Vim das exatas e quis me atualizar também na área do ensino", diz ele.
Autoridade
Ana Maria diz que além de focar no conteúdo, os novos docentes devem estar preparados para cultivar diariamente sua autoridade e que ela pode ser conquistada tanto pelo conhecimento como pelo carisma do professor e que eles devem ser bem dosados para se conseguir atingir uma boa aula, que prenda a atenção dos alunos. "Como diz o psicanalista Contardo Calligaris, aulas não têm que ser divertidas, mas interessantes", cita ela
Frases como "te vi na balada ontem", "me segue no Twitter" e "qual xampu você usa?" são cada vez mais usadas por alunos, mas não apenas entre si. Com a grande entrada de professores jovens nas salas de aula com idades bem próximas a dos alunos do ensino médio , a relação entre estudantes e professores vem, aos poucos, se transformando.
Segundo dados publicados no fim do ano passado pela Unesco, no Brasil, os professores de até 29 anos já estão em 20% das salas de aula de ensino médio. No ensino fundamental, o número sobe para 26%. Luciana Suplicy Gonçalves, supervisora pedagógica do Colégio Sion, explica que a variação de idade entre os professores é enriquecedora para os estudantes.
"Em um ambiente escolar o que interessa é a troca de conhecimento. Para alcançar este objetivo, vale tanto a experiência de um professor que dá aula há anos quanto a jovialidade de um professor novo", afirma. Para ela, a proximidade de realidades faz com que os jovens consigam se comunicar melhor com os alunos e trabalhar com novas linguagens.
A professora Maria Luísa Carneiro Fumaneri, de 25 anos, utilizou programas de televisão vistos por todos como forma de iniciar uma discussão em classe. "Por meio do seriado Lost fiz com que os alunos compreendessem alguns temas da minha disciplina, a Língua Portuguesa", conta. Maria Luísa tornou-se professora quando tinha 21 anos. Formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná, leciona para alunos de 14 anos, na 8.ª série do Colégio Sion.
Ela lembra que em uma das primeiras vezes que entrou em sala, uma aluna a questionou sobre sua aptidão para dar aula. "Mas isso foi no começo, depois consegui conquistá-los", diz. Para ela, uma das maneiras para ganhar a atenção é fazer com que alguns alunos criem identificação com o professor, o que ocorre mais naturalmente por causa da idade.
A facilidade na identificação também é considerada um ponto positivo pela coordenadora pedagógica do Colégio Senhora de Fátima, Margarete Scorsin. "Professores novos agradam aos pais porque incentivam os alunos. Eles os vêem como alguém que se destacou ainda jovem e acabam se motivando."
Linguagem
O professor de matemática da escola, Lucas Pelissari, de 22 anos, dá aulas para o terceiro ano do ensino médio. Ensina alunos que têm apenas cinco anos a menos que ele. "A proximidade de idade é essencial para o tipo de linguagem estabelecida com os estudantes, isso facilita muito a forma de tratamento. Mesmo assim, sempre há respeito", diz ele.
Mas Pelissari atenta para o fato de que o professor não deve se comportar como um amigo do aluno. "Muitos estudantes confundem, mas é fundamental manter certa distância". Os cuidados tomados pelos professores incluem desde vocabulário utilizado em sala até o conteúdo colocado em redes sociais da Internet.
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