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Questionar: do verbo esclarecer ou atrapalhar?

O professor Tomás Barreiros estimula a participação dos seus alunos | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
O professor Tomás Barreiros estimula a participação dos seus alunos (Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo)

Perguntas fazem parte da rotina de qualquer turma. Contudo, o que é comum em algumas classes pode ser um problema em outras, atrapalhando o plano de aula e até tirando a concentração dos alunos. Nessa hora, cabe ao professor fazer com que os jovens sejam receptivos à dúvida do colega ou redirecionar o assunto para a aula, em casos de perguntas inadequadas.

Segundo a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná, Maria Iolanda Fontana, dúvidas fazem com que o docente perceba se a aula está sendo clara e é papel do professor incentivar a participação dos alunos. "A pergunta é uma habilidade importante que o aluno deve desenvolver. Ela nem sempre vem adequada e o professor deve orientar sobre a elaboração da pergunta, o que é um exercício interessante", afirma.

Por outro lado, há professores que preferem não abrir espaço para perguntas durante a aula. É o caso de Paulo Henrique da Costa, professor de Direito da Faculdade Opet. Ele leciona Filosofia do Direito, História do Direito e Ciência Política e acredita que interrupções atrapalham conteúdos teóricos como esses. "Percebi com a experiência que perguntas mal-formuladas são nocivas e que o melhor é aguardar o fim da aula para perguntar. Há pedagogos que não gostam desse tipo de método, mas os alunos concordam e apreciam depois de um tempo", diz.

Participação

Um dos alunos de Costa, Tomás Eon Barreiros, coordenador do curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter, conta que esse método funciona nas aulas teóricas, mas ele, como professor de Jornalismo, prefere outra metodologia. "Para mim, a interrupção é sempre boa. A educação funciona com o diálogo. Prefiro dar 50% do conteúdo e ter alunos com mais vontade de aprender do que dar 100% e a aprendizagem morrer ali", diz.

Outro adepto às aulas participativas é Sérgio Czajkowski Júnior, professor de Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo e do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba). Como começou a dar aulas cedo, com 23 anos, ele lembra que era comum ter de lidar com perguntas feitas para testá-lo. A experiência fez com que ele aprendesse a lidar com qualquer tipo de questionamento. "Esse aprendizado vem dos alunos, que, com suas dúvidas, me ajudam a conseguir a aula que considero ideal", diz.

Opinião de estudante

"Quando a pessoa se interessa, pergunta mais. Mas às vezes há perguntas que atrapalham, fogem do assunto, são para tirar dúvidas pessoais ou são óbvias e já foram explicadas. O que mais me irrita são as questões pessoais ou feitas para o conhecimento do professor."Amanda Cristina de Andrade Levisky, estudante do 2º período do curso de Direito da PUCPR.

"Tem muitos alunos que perguntam bastante na minha sala, mas porque tratamos muito de assuntos de maior complexidade. Metade da turma pergunta, tira dúvidas, mas tem outros que tiram sarro também, os próprios professores brincam com os alunos. Assim como tem perguntas básicas, tem aquelas que ajudam, que acrescentam, aí é legal."Clever Puma Guimarães Dias, estudante do 4º período de Engenharia Química da PUCPR.

"Eu costumo esperar o fim das aulas, pois prefiro não atrapalhar e também tenho vergonha. Quando tenho alguma dúvida, eu pergunto para algum amigo meu que está por perto e muitas vezes estes respondem. Em sala às vezes os colegas perguntam sobre a letra, outras vezes perguntam coisas que não tem nada a ver, mas na maioria é realmente sobre a matéria em si."Carolina Pinotti, estudante do 4º ano de Matemática da UFPR.

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