O professor Jorge Bilek aproveitou o acesso de alunos em seu perfil no Facebook para inserir novos conteúdos nas aulas de Geografia| Foto: Arquivo pessoal

Vida pessoal

É preciso saber lidar com a exposição

O acesso dos alunos à vida pessoal dos professores é um fator que deixa muitas escolas receosas em adotar as redes sociais como instrumento de ensino. Mesmo a opção por criar dois perfis – um para o uso profissional e outro pessoal – nem sempre é eficaz para barrar a curiosidade dos estudantes.

Para o coordenador dos cursos de Publicidade e Relações Públicas da UniBrasil, Ney Queiroz, até aqueles que não usam redes sociais estão sujeitos a ter fotos e dados exibidos nas rede. "Basta jogar um nome no Google e você encontra informações sobre qualquer um. Os professores precisam se adaptar a essa nova realidade."

Barreiras

De acordo com Queiroz, há cada vez menos barreiras entre o que é on-line e off-line. Atuar com prudência nas redes sociais e ser o principal responsável pelas informações sobre si mesmo pode ser uma estratégia melhor do que ficar fora desses ambientes. "Estamos expostos, isso é um fato. Ao invés de tentar evitar, penso que é melhor usar essa exposição de forma positiva", defende o professor.

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O álbum de fotos de Bilek está dividido em mapas, bandeiras e imagens de países que ele visitou
O professor também deixa disponível aos alunos as fotos tiradas do quadro-negro durante as aulas
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As redes sociais têm chamado a atenção de um número cada vez maior de educadores. Eventos que discutem o uso do Facebook, Twitter, Orkut e outros meios no processo de ensino multiplicam-se pelo país, assim como sites e fóruns virtuais que tentam ajudar educadores que querem entender e usar os novos meios. Ainda assim, fazer com que alunos obtenham uma efetiva experiência de aprendizagem dessa forma é um desafio que exige habilidade e estratégia.

O difícil controle da turma em atividades com essas ferramentas afasta alguns profissionais dessa prática e frustra as tentativas de outros. Ao contrário da realidade em sala de aula, onde a presença do professor já impõe certa ordem, nas redes sociais é a colaboração voluntária que faz uma tarefa funcionar. Nesses ambientes, todos podem falar, criticar, visitar os perfis e compartilhar informações sem um mediador. Estar atento aos hábitos dos alunos e agir com criatividade é essencial para tirar o melhor dessas circunstâncias.

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É o que fez o professor de Geografia Jorge Bilek, do Colégio Positivo. Acostumado a lidar com novidades na internet e ciente de que seus alunos o encontrariam de qualquer forma no Facebook, ele incluiu em seu perfil várias possibilidades de aprendizado. A seção de fotos, por exemplo, é dividida em álbuns com bandeiras, imagens e mapas dos estados brasileiros e países por onde já passou. Assim, o aluno acaba conhecendo um pouco mais das culturas de que falam em sala de aula.

As fotos são sempre muito comentadas entre os alunos, mas é o álbum intitulado Aulas e Atividades o mais visitado. "Eu tiro foto do que passo no quadro e depois posto lá no Facebook", explica Bilek. Assim, aqueles que optam por apenas ouvir a explicação, sem copiar [o que está no quadro], ou os que faltam à aula podem ter acesso àquilo que a turma viu em sala.

Outro perfil muito movimentado na rede é o da professora de Língua Portuguesa Rita Guimarães, de Franca (SP). Atuando no Facebook, no Twitter e no Orkut, ela usa as redes sociais para tudo, desde distribuição de tarefas até discussões sobre textos. Rita é uma defensora convicta do benefício das redes sociais na educação. "A facilidade e a velocidade da informação são impressionantes. Conseguimos mobilizar muito mais gente e muito mais rápido", diz.

Construção coletiva

Entre os pesquisadores da área, há o consenso de que, para as redes sociais contribuírem de fato no aprendizado dos alunos, é essencial não tentar reproduzir nelas as mesmas práticas da sala de aula. "Infelizmente, é comum usarem uma tecnologia nova de um jeito velho", diz o professor Luis Fernando Gomes, da Universidade de Sorocaba e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (Abehte).

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Segundo Gomes, a relação em rede e o compartilhamento rápido são o que há de melhor nos novos meios para renovar as atividades em sala de aula. "As redes permitem que os alunos não se limitem a atitudes passivas, mas colaborem numa construção coletiva. Isso tem que ser valorizado", afirma.

Serviço:

O Facebook tem uma página (www.facebook.com/education) para mostrar e debater como os educadores podem usar a rede social com seus alunos. O mesmo tema é abordado na apostila Facebook for Educators, acessível em http://facebookforeducators.org. Ambos os conteúdos estão em inglês.