Tem cara de Facebook, tem botão “curtir”, tem amigos. Mas não é Facebook. Plataformas gratuitas na internet integram estudantes e professores que têm como objetivo o estudo. A reportagem listou algumas destas redes sociais educacionais. E tem para todos os gostos. O ambiente virtual pode integrar uma turma presencial, servir como biblioteca acadêmica ou até como rede para encontrar desconhecidos que estudam o mesmo tema.
Exemplos
A reportagem selecionou algumas redes sociais utilizadas por estudantes, professores e pesquisadores em sala de aula ou para estudar em casa:
Ideal para grupos de estudos. Cria um ambiente virtual de uma turma (seja uma série escolar ou disciplina acadêmica). Permite comentários, subir arquivos e avaliações (em formato de quizz). Só entram convidados, com chave de acesso.
Uma “rede social educacional”. Cada pessoa tem um perfil em que relata seus interesses. Site sugere amigos por proximidade, da mesma universidade ou área de estudos. Permite criação de disciplinas “abertas”, nas quais qualquer interessado pode se inscrever e participar do debate.
Prioriza planos de estudo ou aula e grupos de estudo. É como um caderno de anotações on-line: o usuário pode fazer anotações, criar fluxogramas e reunir todo seu material de estudo em um só lugar. Outros usuários podem acessar e compartilhar seus materiais. O professor pode disponibilizar slides das aulas, ementas, e também criar testes on-line.
Útil para publicação de artigos. Cria uma espécie de biblioteca vinculada ao perfil do pesquisador (professor ou estudante ). Permite criar um fórum de debate vinculado ao trabalho acadêmico, para outros pesquisadores sugerirem, questionarem ou criticarem o material. A duração do fórum é de 20 dias.
Criada em 2012, a rede Passei Direto é um exemplo. Com base nas informações sobre cursos e universidades, o site sugere amigos por ordem de proximidade. Primeiro aparece quem estuda na mesma instituição de ensino. Depois, alunos de outras instituições, mas com interesses parecidos. A página principal é a “linha do tempo”, onde é possível ler os comentários e as perguntas feitas pelos colegas, bem como conferir arquivos e vídeos sugeridos. Um sistema de “hashtags” ajuda a encontrar mais informações sobre o mesmo assunto.
Além de fazer amigos, é possível integrar disciplinas on-line. Elas não precisam estar vinculadas a nenhuma instituição. É possível entrar na turma “Cálculo um”, por exemplo, com alunos de turmas de Cálculo de todo o país. Um dos fundadores da plataforma, o engenheiro de computação André Simões defende que o diferencial é não haver “distrações”. A ideia é segmentar. “Tem a rede social, que é o Facebook, a rede corporativa, que é o LinkedIN, e nós queremos ser vistos como a rede acadêmica”. Hoje o principal público da rede são estudantes de Direito e da área de Exatas.
Com formato similar – de amigos e linha do tempo -- o Academia.edu se especializou em compilar artigos acadêmicos. O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato utiliza o site para publicar seus trabalhos, na área de Ciências Sociais. Ele especula que talvez este seja “o futuro dos periódicos científicos”, a autopublicação. Principalmente porque as “gigantes” do mercado editorial científico cobram assinaturas altíssimas, em que um único artigo pode custar US$ 45. Por outro lado, há uma grande desvantagem: “os periódicos não serem mais arbitrados por outros especialistas antes da publicação, mas depois”.
A vantagem da rede é ter um público mais homogêneo. Após publicar um artigo, o pesquisador pode abrir uma sessão de discussão sobre o seu texto, por 20 dias. Outros pesquisadores podem aderir, para ler ou comentar o debate. A desvantagem é ter um número relativamente reduzido de usuários. Por isso Codato acredita que diferentes redes podem dialogar entre si. Menos propício a debates acadêmicos, o Facebook pode ser uma ótima ferramenta de divulgação, justamente por conter um número maior de usuários.
Ferramenta permite debate com alunos
Há 15 anos na área de Educação à Distância (EaD), Maysa de Oliveira Brum Bueno presta consultoria na área de educação e tecnologia. Ela encontrou no Edmodo uma ferramenta ideal para criar um ambiente virtual de debate com seus alunos de graduação e em seus cursos de formação continuada.
A “cara de rede social” do site aproxima os alunos, que são ariscos às plataformas “via de mão única”, em que só os professores publicam conteúdo. Os grupos são fechados, só quem tem o código de entrada pode acessá-los. O que traz algumas vantagens, como a presença de alunos menores de 13 anos, que não podem criar perfis em outras redes sociais. No Edmodo é possível criar um perfil parental, em que pais e mães podem acompanhar o rendimento do aluno.
“A tendência hoje não é o ensino presencial nem a distância, é o híbrido”, que vê na rede social uma forma de complementar o que é trabalhado em sala de aula, sem uma coisa substituir a outra. O segredo, diz ela, é que não há um sistema perfeito. As redes sociais são uma opção, mas se a turma prefere grupo de email ou WhatsApp não tem problema.
O importante é usar a tecnologia para facilitar a vida. O que não significa que não dá trabalho. Montar um cronograma de postagens, revisão on-line, quizz sobre o conteúdo trabalhado em sala, tudo isso leva tempo. Da mesma forma que preparar uma aula de qualidade dá trabalho. O ambiente é virtual, mas o trabalho é real. (N.P)
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