Novas manifestações estudantis estão previstas para acontecer nesta quinta-feira (30) em pelo menos 150 municípios de 20 estados do país, convocadas por entidades como o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a Federação de Sindicatos dos Trabalhadores em Universidades Brasileiras (Fasubra), a Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação (Sinasefe), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).
De acordo com os sindicatos e a UNE, o objetivo dos atos é, sobretudo, defender a educação e protestar contra o contingenciamento (bloqueio temporário) de R$ 5,8 bilhões do orçamento do Ministério da Educação (MEC), que acabou bloqueando 30% das verbas discricionárias (gastos com água, luz, equipamentos, manutenção, pesquisas e terceirizados) das universidades e institutos federais de ensino. Do orçamento total das universidades, isso representa 3,4% (R$ 1,7 bilhão).
O argumento se confunde, no entanto, quando outras entidades de ensino, como a própria União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo, afirmam que também vão às ruas em protesto contra a reforma da Previdência. “Não queremos cortes, e queremos aposentadoria", disse a presidente da UEE paulista, Nayara Sousa, à Rede Brasil Atual.
Além disso, uma das estratégias do Partido dos Trabalhadores (PT), publicada em resolução na terça-feira (28), de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é a participação e o apoio aos protestos estudantis.
A presidente da UNE, Marianna Dias, afirmou que a paralisação desta quinta tem o objetivo de "defender a educação, as universidades, os programas para o ensino básico".
O primeiro protesto, do dia 15, havia sido chamado inicialmente pelas centrais sindicais contra a reforma da Previdência e outras pautas ligadas aos servidores.
De acordo com Pedro Gorki, presidente da Ubes, o primeiro ato tinha sido convocado antes dos cortes. "Por isso, nos somamos a eles porque estudantes e educadores se viram diante do mesmo objetivo: a revogação do contingenciamento orçamentário", disse.
"Meu filho não vai"
Na rede social Twitter, tem crescido, desde a manhã desta quarta-feira (29), a hashtag "Meu filho não vai", promovida por aqueles que são contrários aos protestos estudantis e acusam os manifestantes de aproveitarem o momento para realizar atos políticos partidários.
"Atenção senhores pais neste dia 30 vão tentar usar seu filho como massa de manobra. Vcs [sic] irão permitir?", diz uma internauta.
Outro diz: "Meu filho não será cúmplice de ônibus incendiado ou depredado por manifestantes que dizem lutar pela educação e que ostentam faixas 'Lula Livre' em defesa de um condenado pela Justiça".
E ainda: "Professores que tirarem seus alunos de sala de aula para protestos devem ser afastados!".
"Dinheiro roubado da Petrobras"
Em sua última visita à Câmara dos Deputados, Weintraub afirmou que a pasta estava tentando alocar em Educação os recursos recuperados de atos de corrupção praticados na Petrobras. O valor equivale a cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões).
Meses antes, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já havia se manifestado no STF (Supremo Tribunal Federal) em favor do repasse do recurso ao MEC.
Para ela, o dinheiro pode servir "para incremento de recursos financeiros nos programas de apoio ao desenvolvimento da educação básica; apoio a infraestrutura para a educação básica, aquisição de veículos para transporte escolar da educação básica, dentre outros serviços públicos que constituem dever constitucional do Estado brasileiro, segundo a Constituição".
Na época, a ação rendeu duras críticas de procuradores a Dodge.
Entenda os cortes
No dia 30 de abril, o presidente do MEC, Abraham Weintraub, anunciou que a pasta reduziria verbas de três universidades federais de ensino do país - Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UFF). O motivo da ação, a princípio, seria o baixo desempenho das academias e por casos de "balbúrdia" nos campi.
Pouco tempo depois, no entanto, Weintraub atualizou a declaração e afirmou que não apenas as três universidades sofreriam a redução, mas, sim, todas as instituições e universidades federais de ensino.
* Confira quanto foi contingenciado no MEC nos últimos anos:
* Entenda qual é a extensão do bloqueio este ano: