O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jaime Arturo Ramirez, foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para prestar depoimento nesta terça-feira. Ele foi interrogado sobre as suspeitas de irregularidades na obra do Memorial da Anistia Política do Brasil. Segundo a PF, há indícios do desvio de R$ 4 milhões que deveriam ter sido gastos com o pagamento de bolsas de estudo.
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“A PF apurou que, até o momento, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e pesquisas de conteúdo para a exposição, mas o único produto aparente é um dos prédios anexos, ainda inacabado”, diz nota da Polícia Federal.
O projeto Memorial da Anistia Política do Brasil, com sede em Belo Horizonte, recebeu recursos do Ministério da Justiça, mas a execuçaõ da obra ficou a cargo da UFMG.
A vice-reitora, Sandra Goulart Almeida, também foi levada pelos policiais.
Depois de prestar depoimento durante a manhã, o reitor deixou a sede da Polícia Federal em Belo Horizonte no início da tarde. Do lado de fora, sindicalistas organizaram um ato em apoio ao reitor. Eles compararam o caso ao do reitor de Luiz Carlos Cancelier, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que foi preso em setembro e cometeu suicídio duas semanas depois, após ser libertado.
Viaturas que chegavam à sede da Polícia Federal em Belo Horizonte pelo local foram recebidas com vaias pelos manifestantes. Ao sair, o reitor foi ovacionado, mas não parou para dar declarações.
Ao todo, oito mandados de condução coercitiva e 11 de busca e apreensão foram cumpridos.
Silvana Coser, uma das responsáveis pelo projeto do memorial, também foi levada para depor. Ao sair, ela disse à imprensa desconhecer qualquer desvio.
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