O reitor interino da Universidade do Estado de Michigan, John Engler, renunciou ao cargo nesta quarta-feira (16) após receber críticas por comentários sobre mulheres vítimas de abuso sexual. Em entrevista ao jornal Detroit News, em 11 de janeiro, ele disse que essas pessoas estavam “gostando” de estar nos “holofotes”.
Ele é o segundo na posição a se demitir, em menos de um ano, após o escândalo envolvendo um médico da universidade, Larry Nassar, que abusou durante anos de ginastas da instituição e também de atletas da seleção americana. O antigo reitor, Lou Anna Simon, renunciou após as investigações confirmarem os relatos. A saída oficial de Engler do cargo será no próximo 23 de janeiro.
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O mandato de Engler como reitor interino foi tumultuado desde o início. Após a descoberta de que mais de 150 mulheres foram abusadas, muitas buscaram ajuda e foram ignoradas, a comunidade acadêmica, de maioria democrata, entendeu que a escolha de um ex-governador e político republicano de longa data não ajudaria a restaurar a confiança na universidade.
No momento em que Engler foi escolhido pelo conselho da instituição, que votou unanimemente pelo seu nome, um manifestante subiu em uma mesa para dizer que os estudantes se opunham à decisão. As pessoas começaram a gritavam: “Vergonha! Vergonha! Vergonha! Que vergonha!”.
Quando foi nomeado, Engler disse que as vítimas de abuso seriam sua prioridade, prometendo que, com certeza, surgiria uma universidade melhor a partir do lamentável ocorrido.
Em maio, a universidade concordou em pagar US$ 500 milhões de indenizações para 332 mulheres que alegaram abuso por parte da Nassar.
Em junho, Engler pediu desculpas por um e-mail para um funcionário da universidade no qual especulou que uma das vítimas estaria recebendo propina de seu advogado para manipular outras mulheres no caso. “Isso foi um grande erro. Eu estava errado”, disse ele.
A entrevista dada ao Detroit News, porém, foi a gota d’água. “[Por um lado] Você tem pessoas que estão se apoiando (...), sobreviventes, que não estão no centro das atenções”, disse Engler ao The News. “De certa forma, elas têm sido capazes de lidar com isso melhor do que aquelas que estão nos holofotes, que ainda estão gostando desse momento, você sabe, desse reconhecimento.”
Na carta de 11 páginas, Engler fez uma defesa da sua atuação, pontuando as melhorias implementadas para fortalecer os grupos de prevenção de abusos e os canais para denúncias, além de alterações em alguns departamentos. Garantiu que, na sua visão, apesar das críticas, o resultado é que a instituição está “dramaticamente melhor e mais forte que há um ano” .
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