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Uma decisão na Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) gera polêmica entre docentes e alunos da instituição. O reitor Carlos Eduardo Cantarelli, na condição de presidente do Conselho Universitário da UTFPR, incorporou na segunda-feira (3) o câmpus Curitiba da universidade à Reitoria e, dessa forma, destituiu o agora ex-diretor-geral do câmpus, professor Marcos Schiefler Filho, das funções administrativas no local. O reitor argumenta que essa decisão visa a economia administrativa para a universidade, mas o ex-diretor aponta isso como ato político. Schiefler Filho foi candidato a reitor na chapa adversária.

A incorporação coincide com o fim do mandato dos diretores-gerais dos câmpus, no domingo (2). Somente Schiefler foi retirado das funções, por causa da decisão da Reitoria. Dessa forma, a liderança do câmpus na capital passou para o reitor da UTFPR. Nos demais câmpus, os diretores tiveram o mandato estendido até a realização de eleições em cada sede – os pleitos estavam previstos para agosto, mas, por causa da greve, foram suspensos.

Cantarelli diz que a incorporação do câmpus Curitiba à administração da reitoria ocorre para evitar a duplicidade de estrutura dentro de uma mesma cidade, o que gera, segundo ele, mais custos. "Houve uma consulta ao MEC [Ministério da Educação] e à Procuradoria Jurídica da instituição [UTFPR] sobre a economicidade da permanência de um câmpus na sede da Reitoria".

Uma das razões para a mudança neste momento, segundo o reitor, acontece porque a universidade ainda está se adequando aos moldes do MEC. "A universidade ainda é nova e estamos ajustando seus documentos ao longo do tempo." A decisão, segundo o reitor, será encaminhada para futuras reuniões do Couni da UTFPR para a mudança estatutária da universidade.

Ato político

A decisão, que vale mesmo sem passar pela análise do Couni, é vista pelo ex-diretor do câmpus Curitiba como um ato político. Schiefler acredita que o resultado acirrado na disputa pelo cargo de reitor da UTFPR, entre ele e Cantarelli, teria influenciado na decisão do atual reitor e presidente do Conselho Universitário. Ele obteve 34,8% dos votos, contra 43,4% de Cantarelli.

O ex-diretor foi o mais votado entre os servidores dos câmpus de Curitiba e Pato Branco. Por parte dos alunos, ele foi mais votado na capital, Campo Mourão e Toledo. Ao todo, a UTFPR possui 12 câmpus em diferentes cidades do Paraná.

De acordo com Schiefler, o processo de incorporação ocorreu "na surdina" e sem consulta aos docentes e discentes. "Isso deveria passar pelo Conselho Universitário para ter discussão com a comunidade acadêmica." Ele conta que, no dia seguinte ao fim do mandato – na segunda-feira (3) – recebeu apenas um memorando sobre a destituição e foi impedido de participar de encontros e cerimoniais com a presença de demais diretores. Ele ainda diz que a estrutura do câmpus Curitiba permanece a mesma e somente ele, como ex-diretor, foi retirado do cargo.

O fato movimenta também as redes sociais. Uma postagem de Schiefler em sua página no Facebook foi compartilhada por mais de mil pessoas.

Procedimento

Por meio da assessoria, a UTFPR informa que o ex-diretor não foi impedido de participar de eventos. Na segunda-feira (3), a universidade diz que Schiefler não foi convidado para participar da mesa de honra de um cerimonial – na qual estavam representantes da instituição. Como não exercia a função de coordenação da sede em Curitiba, ele não teria como integrar o grupo na ocasião.

Quanto à estrutura administrativa do campus, a Reitoria da UTFPR esclarece que não continuará a mesma, mas será mudada "paulatinamente" e ainda será discutida com a comunidade acadêmica a necessidade ou não da permanência de determinados departamentos no período de transição da incorporação.

MEC

Questionado sobre a polêmica, o Ministério da Educação informa, em nota, que o campus sede da UTFPR é de responsabilidade administrativa do reitor da universidade, "compartilhada com seus pró-reitores, decanos, secretários e superintendentes". Com isso, informa o órgão, o local "dispensa qualquer estrutura secundária de gestão administrativa e acadêmica, como diretor de campus". Schiefler diz estudar entrar na Justiça contra a decisão do reitor da universidade.

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