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Ponta Grossa - A maior parte dos 41,2% professores que atuam na educação básica no Paraná dá aulas em mais de cinco turmas. O censo escolar do Ministério da Educação de 2007 também apontou que 26,6% desses docentes atuam em mais de uma escola e em turnos diferentes.

É o caso da professora de Português e Espanhol Maria Eny Carvalho da Silveira, 54 anos, dos quais 22 anos dedicados ao magistério. Ela dá aulas em dois colégios públicos de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, para alunos de 5ª e 6ª séries do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. Com os dois empregos, ela soma 40 horas-aula semanais, que é o limite estipulado pela Secretaria Estadual da Educação e equivale a 16 aulas por semana. Ela leciona em 12 turmas diferentes e garante lembrar o nome de todos os alunos. "Você acaba sendo mais que um professor, porque absorve todos os problemas que acontecem com o aluno no mundo lá fora", diz. Até o ano passado, a professora também trabalhava na rede particular. "Eu dei 64 aulas por semana durante nove anos. Mas, no ano passado, resolvi dar um desconto para mim", comenta.

Apesar de cansativa, a rotina de acordar cedo, enfrentar salas de aula com até 50 alunos, disputar a atenção de cada um deles, corrigir provas e trabalhos, chegar em casa e fazer pesquisas na internet até o começo da madrugada não desanima a docente, que tem planos de dar aulas numa universidade.

O professor de Artes Paulo Cintra, 40 anos, tem uma agenda mais tranquila, mas já chegou a dar aulas para 36 turmas no início da carreira, há dez anos, e ainda dava conta de frequentar uma especialização. Hoje, com o ritmo mais lento, Paulo leciona para 12 turmas nos turnos da manhã e noite, para alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio, no Colégio Estadual Nossa Senhora da Aparecida, na Vila São Pedro, em Curitiba. "É uma utopia dizer que dá para fazer um diagnóstico completo e acompanhar o aprendizado de cada aluno. Tenho de trabalhar nos fins de semana para preparar o material de aula", diz. Paulo é formado em Artes Visuais e escolheu o magistério por opção, após largar o mercado de publicidade. "Sou um idealista, mas foi uma escolha deixar de ganhar quase R$ 8 mil por mês, em publicidade, para ganhar R$ 1,7 mil no ensino", diz.

Para o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe-PR), Ademar Batista Pereira, não dá para colocar só na formação dos professores o problema da falta de qualidade no aprendizado. "É uma das questões apenas para se investir. Mas o desempenho dos professores depende muito da gestão de cada escola", diz. Ontem o Sindicato promoveu um encontro com educadores para discutir a formação continuada dos professores. "Percebemos que a faculdade não forma adequadamente para o mercado", diz. Para isso, encontros com coordenadores de cursos universitários e cursos práticos estão sendo programados pela entidade.

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