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Saiba os erros a evitar em um trabalho acadêmico

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O papel aceita qualquer texto, os professores não. E a surpresa com que muitos estudantes recebem notas baixas em trabalhos acadêmicos mostra a ignorância de regras básicas, que poderiam ter evitado pontos a menos ou grandes desastres. Para não estragar uma carreira acadêmica promissora ou fazer naufragar uma excelente ideia de pesquisa, confira alguns equívocos comuns – seja por má-fé, no caso do plágio, ou por descuido – a serem evitados em monografias ou pesquisas científicas.

Muito feio: o plágio

A mentira tem pernas curtas. Com exceção dos cursos de baixa qualidade, nos quais os professores não estão interessados na excelência, mas apenas em passar a todos e seguir adiante – cujos diplomas não abrem muitas portas –, copiar e colar textos em trabalhos acadêmicos é uma prática perigosa para a sobrevivência acadêmica e pode ser descoberta com facilidade.

Atualmente, é fácil encontrar milhares de sites pelos quais é possível comprar teses prontas ou participar de programas que prometem “ensinar” a fazer monografias e TCCs em uma semana (ou menos!) sem “perder noites de sono”, “seguindo um roteiro já aprovado”. Para os que se arriscam nesse tipo de experiência, vale lembrar a existência de uma lista extensa de softwares identificadores de plágio; sem falar, é claro, da vivência degradante de conseguir uma vitória por meios escusos.

O plágio, infelizmente, é algo comum em todo o mundo. A boa notícia é que a comunidade científica está cada vez mais atenta. Estudos realizados pelo Comitê de Ética em Publicações, criado por editores de revistas científicas dos Estados Unidos e Europa, mostram que o plágio cresce mais do que a invenção de dados fraudulentos. Como reação, universidades de prestígio começam a investir mais em cursos de ética para seus alunos.

A maior parte dos plágios, porém, acontece pela ignorância do autor do texto que não sabe como citar as fontes e fazer referências. Para evitar essa falha, é necessário fazer o registro no momento da sua utilização, sem deixar para depois.

Bibliografia simplória

Desenvolver um discurso científico pessoal só é possível após reunir e analisar muitos outros pontos de vista sobre o mesmo assunto. Isso é impossível sem investir tempo em livros e artigos científicos. “Alguns trabalhos apresentam apenas cinco ou seis livros antigos na bibliografia e acabam por repetir o óbvio”, alerta professor Sérgio Simka, orientador de teses na Uniesp e autor do livro “O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática”, da Editora Wak. Para inspirar os estudantes, o professor aconselha que acessem os bancos de dados com teses reconhecidas internacionalmente, como os da USP ou da FGV. “O estudante vai perceber que um texto de qualidade tem dezenas de referências, não só de livros, mas inclui periódicos, artigos e teses recentes”, enumera.

Vocabulário pobre

Repetir palavras cansa e é sinal de pouco conteúdo. Recentemente, por exemplo, uma aluna no final da graduação de uma universidade do Paraná repetiu 15 vezes a palavra “social” em cinco parágrafos de texto. “Quem lê não consegue mais prestar atenção ao conteúdo e começa a contar quantas vezes o termo vai aparecer de novo”, diz o professor Camilo Catto, do curso de Comunicação Social da UFPR. O uso de um bom dicionário pode sanar a pobreza do vocabulário, sem deixar o texto rebuscado. “A língua portuguesa tem mais de 400 mil palavras, não custa nada procurar um sinônimo apropriado, o aluno sai ganhando”, completa Simka, da Uniesp.

Uso inadequado das fontes

Outro erro comum dos estudantes é utilizar uma frase bonita de um autor sem perceber que nos parágrafos seguintes do livro aquela ideia é refutada. Para quem conhece o pensador, a impressão é a de que o aluno não leu o conjunto da obra, apenas ‘pescou’ a expressão de efeito – o que muitas vezes de fato acontece. “Fica evidente que o aluno não leu ou não entendeu, pois usou um autor que critica o que ele está defendendo, então o trabalho acadêmico fica incoerente”, diz Camilo Catto.

Criar neologismos

É possível inventar uma ideia “Foucaultchauiana” ou querer apontar um aspecto da “pre-colonialidade”? Criar neologismos poderia ser uma forma criativa de impressionar a banca se não fosse a comprovação de que o estudante não sabe tornar inteligível o que quer dizer. Se ao chegar ao doutorado uma pessoa inventa algo, o nomeia com uma palavra inédita e explica bem o seu significado na tese, perfeito. Fora essa circunstância, melhor usar o bom e velho português para mostrar conhecimento sobre o que defende.

Achismos

Todas as afirmações em um trabalho científico devem ser fundamentadas. “É preciso cuidar com os achismos”, afirma a professora Suyanne Tolentino de Souza, do curso de Comunicação Social da PUCPR. Ao usar conceitos com múltiplos significados, como por exemplo “era digital”, “realismo”, etc., é preciso indicar qual deles será utilizado, de acordo com a visão de um determinado autor.

“Cadê o adulto para me ajudar?”

Uma postura comum dos alunos de graduação no Brasil é esperar que o orientador faça quase tudo por ele. Como no ensino fundamental e médio ele está acostumado só a receber ordens, lê e escreve pouco (com poucas exceções, infelizmente), quando ingressa no ensino superior tenta reproduzir as mesmas circunstâncias das fases anteriores e espera que um ‘adulto’ resolva os trabalhos acadêmicos por ele.

“São falhas na educação básica no Brasil e, por isso, demora um pouco para o estudante tomar as rédeas das suas ideias e fazer as perguntas certas”, afirma o professor Sérgio Simka, orientador de teses na Uniesp. O papel de um bom orientador é ajudar o estudante a ir conquistando aos poucos um pensamento próprio para que o possa reproduzir em seus trabalhos.

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