O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar, neste domingo (28), a suposta doutrinação que vê sendo praticada por alguns professores no Brasil e defendeu que, se houver partido nas escolas, "que seja dos dois lados."
As declarações foram feitas ao chegar à casa de seu filho mais velho, o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), em Brasília. "Nós queremos escola sem partido, mas, se tiver partido, que seja dos dois lados", afirmou. "Não pode ter um lado só na sala de aula. Isso leva ao que nós não queremos."
Mais cedo, ele havia publicado, em sua conta em uma rede social, um vídeo, gravado por uma estudante, em que uma professora chamava o polemista Olavo de Carvalho de "anta" e de "bosta".
Na postagem, a aluna acusa a docente de ter dedicado 25 minutos à "opinião política partidária" e de ter criticado a escola sem partido. "Eu não estou pagando cursinho para ouvir sua opinião político-partidária", disse a estudante no vídeo, que não tem data e local identificados. "Eu estou pagando cursinho para ter aula de gramática."
A aluna afirmou ainda que vai gravar e expor todas as aulas da professora na internet. Em novembro, recém-eleito presidente, Bolsonaro incentivou estudantes a gravarem as classes para combater a "doutrinação ideológica" nas instituições de ensino.
"Ativista"
O vídeo foi divulgado no sábado (27) na página do movimento Escola sem Partido, que atribuiu a gravação à estudante Tamires de Paula, de 23 anos, secretária-geral do PSL de Itapeva (SP) e que se define na rede como "ativista politicamente incorreta".
No Twitter, a jovem costuma divulgar postagens a favor de Bolsonaro e com críticas à UNE (União Nacional dos Estudantes). Em abril do ano passado, ela chegou a declarar que seria pré-candidata a deputada estadual por São Paulo. No site do TSE, no entanto, consta que ela renunciou à candidatura.
O ministro da Educação Abraham Weintraub já defendeu um expurgo do "marxismo cultural" nas universidades. Antes mesmo da posse de Bolsonaro, ele e seu irmão Arthur foram à Cúpula Conservadora, evento idealizado por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em dezembro de 2018, e lá criticaram o que enxergavam como um monopólio de ideias de esquerda nas universidades.
"Um pouco da contribuição que podemos dar é como vencer marxismo cultural nas universidades", disse aquele que, exatos quatro meses depois, seria anunciado como substituto de Ricardo Vélez Rodríguez no MEC.
O presidente escolheu para o cargo um nome afinado ideologicamente com Olavo de Carvalho, escritor considerado guru de Bolsonaro, mas sem vinculação direta com os grupos que disputam espaço no governo.
A lógica, segundo auxiliares do governo, foi evitar mais briga entre olavistas e militares.
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