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A carioca Nanci Gonçalves da Nóbrega, da Universidade Federal Fluminense, doutora em Ciência da Informação, vem a Curitiba todos os anos para lecionar a disciplina Leitura e Acervos, na especialização Leitura de Múltiplas Linguagens, oferecida pelo Departamento de Letras da PUCPR. Parte do curso de Nanci acontece nas ruas da cidade e não entre quatro paredes. É um exercício criativo, acessível a todos.

l DesconstruçãoO primeiro passo é "rever conceitos", como o de acervo – quase sempre entendido como coleção de livros, de obras de arte ou de arquivos. Nesse sentido, apenas bibliotecas, museus e afins teriam um. Mas uma cidade é também um acervo, uma coleção de casas, prédios, praças e, principalmente, das memórias daqueles que vivem nela. Simples como isso. Revisto os conceitos, vai-se a campo para "ler o texto" que está escrito nas ruas de Curitiba.

l Pelo avessoO segundo passo é "desintoxicar o olhar". Ou seja – como vemos a cidade todos os dias, anos a fio, acabamos percebendo a paisagem urbana quase sempre do mesmo jeito. Nanci provoca a adotar um olhar estrangeiro – enxergando como se fosse a primeira vez –; a procurar o que está invisível. "Gosto de fazer os alunos começarem ‘pelo avesso’, percebendo as ausências, os silêncios, as falhas, as quebras. O que se esconde do olhar desatento, apressado", diz.

l Todos os sentidosPara desconstruir e desintoxicar, uma boa medida é sentir cheiros, ouvir sons, prestar atenção ao que os outros dizem, reparar nas cores, observar monumentos, relembrar histórias vividas nesse ou naquele lugar. Segundo Nanci, ao fazer esse exercício, os estudantes vão tomando posse da cidade novamente, tornando-a nossa. "É incrível constatar as descobertas que os alunos fazem. Memórias vão sendo recuperadas enquanto a gente caminha. ‘Aqui eu vinha com meu avô...’, ‘minha mãe e eu comprávamos naquela padaria...’."

l Roda de conversaPor fim, o grupo de Nanci se senta em algum canto da cidade e partilha lembranças. É o início de uma próximo passo – a redação de um mapa afetivo do lugar em que se vive. "Recebo por escrito uma Curitiba elevada à potência".(JCF)

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