Brasília - O ministro da Educação, Fer­nan­do Haddad, apresentou ontem o novo presidente do Ins­­tituto Nacio­­nal de Esta­tísticas e Pesquisas Edu­cacionais (Inep), Joaquim José Soa­res Neto. Ex-diretor do Centro de Se­­leção e Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasí­lia, a indicação de Neto revela a intenção do MEC de transformar o Cespe em órgão oficial da realização do novo Exame Nacional do En­sino Médio (Enem) a partir deste ano.

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"Uma avaliação do porte do Enem depende de estabilidade nas regras de aplicação. A USP (Uni­versidade de São Paulo) criou uma fundação de direito privado para o seu vestibular, que tem 150, 170 mil pessoas. O Enem teve 4,2 milhões", justificou Haddad. "Não é o caso de o Inep repensar essa questão de logística, segurança?", questionou.

Haddad defende, desde o roubo da prova do Enem, em outubro deste ano, que a realização de um exame desse porte não pode estar sujeito às regras de licitação comuns. Sua ideia é firmar um contrato com a Cespe aproveitando-se do fato de o centro ser um órgão público vinculado à UnB. O novo diretor, vindo diretamente da UnB, onde foi responsável pela criação do setor de avaliação, facilita esse contato, admite Haddad. Mais que isso, Neto defende essa ideia também. Na sua primeira entrevista, no primeiro dia como presidente, afirmou que uma licitação com base apenas em preço não atende às especificidades de uma prova como o Enem. "O ponto é que a licitação precisa então de formas de escolha em que a segurança e a logística tenham grande peso, não apenas o preço. O exemplo é a última licitação. Se uma empresa ganha no preço, sem estrutura, vai economizar na segurança. Isso vale para todos os concursos públicos", avaliou.

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Mesmo dizendo que ainda irá fazer uma análise da situação e apresentar um plano de trabalho a Haddad em janeiro, Neto já adiantou que pretende manter a estrutura de segurança e distribuição usada neste ano, na segunda versão da prova. Defendeu a necessidade de uso da inteligência da Polícia Federal para evitar mais tentativas de fraudes e a logística dos Correios para distribuição. "Foi uma estrutura fundamental e que funcionou fantasticamente bem", disse.

Formado em Física Molecular pela UnB, com mestrado na própria universidade e doutorado na Dinamarca, Neto trabalha com avaliação desde o fim da década de 90, quando ajudou a formatar esse departamento no Cespe.