Diferenciação entre real e imaginário é construída até os seis anos de idade| Foto: Divulgação/Positivo.

Fábulas e histórias são ferramentas de ensino; com enredos e personagens que refletem questões do mundo real, crianças podem adquirir conhecimentos, valores e regras sociais. Mas embora você possa imaginar que jovens são mais propensos a aprender com o mundo da fantasia, pesquisas recentes indicam que eles preferem histórias baseadas em fatos reais do que apoiadas somente em fantasia. 

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A diferenciação entre real e imaginário é construída até os seis anos de idade e, nesse período, crianças aprendem a distinguirr eventos reais e acontecimentos impossíveis; é o que aponta um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Toronto. 

De acordo com a pesquisa, isso leva ao surgimento de uma preferência por enredos e personagens mais próximos da realidade, com situações que podem ser reproduzidas de modo mais direto ao transpor os ensinamentos da história para o mundo real. “As crianças têm maior probabilidade de generalizar conteúdos se o mundo fictício for similar à realidade”, diz Patricia A. Ganea, coautora da pesquisa. 

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Preferência pelo real 

Essa preferência não é apenas questão de entretenimento: elas aprendem melhor com histórias com as quais se identificam. A Universidade da Califórnia  realizou três experimentos com crianças entre três e seis anos de idade, em que elas resolviam problemas analógicos cujos personagens eram pessoas reais ou personagens de fantasia. De acordo com a análise, as figuras imaginárias não tiveram a mesma eficácia para ensinar às crianças estratégias de resolução de problemas que elas pudessem aplicar na prática. 

“Esses resultados sugerem que o uso de um personagem fantástico pode não ser uma estratégia eficaz para ensinar às crianças informações que devem ser aplicadas no mundo real”, dizem as pesquisadoras. 

De modo similar, outro estudo realizado nos EUA e no Canadá constatou que crianças em fase pré-escolar têm maior probabilidade de aprender sobre animais quando as histórias os retratam de forma realista, sem características humanas. 

Elas leram seis livros, que retratavam espécies de animais pouco conhecidas por crianças dessa faixa etária, e responderam a perguntas sobre fatos relacionados aos animais. O resultado mostrou que crianças que entraram em contato com personagens realistas tiveram maior probabilidade de entender o problema demonstrado no cenário da história, e então aplicar a lógica de resolução do problema a outras situações. 

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“A maioria dos livros usados na sala de aula para crianças pequenas cai em um espectro do puramente fictício ao híbrido que inclui uma mistura de fantasia e fatos reais. Apesar desses tipos de livros serem importantes para outros aspectos do desenvolvimento, é essencial considerarmos com cuidado os tipos de livros que usamos para ensinar novas informações sobre o mundo para crianças pequenas”, ressaltam os pesquisadores. 

Se você violar as regras desta escola, terá de trabalhar pesado. Via Ideias

Publicado por Gazeta do Povo em Terça-feira, 10 de outubro de 2017

Limites palpáveis 

A influência de um retrato realista também se expressa na aprendizagem de regras de comportamento. De acordo com a revista científica Developmental Science, crianças que escutaram história com personagens humanos tiveram maior probabilidade de repetir os comportamentos ensinados, quando comparado com crianças que escutaram ficção cujos protagonistas eram animais com características humanas. 

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O modo como elas reagem a histórias infantis também pode ser uma ferramenta de aprendizagem. Uma análise feita por pesquisadoras da Universidade da Califórnia apontou que crianças tendem a aprender melhor as lições de uma história – e aplicar esses ensinamentos no mundo real – quando buscam sozinhas os significados. 

Para Merylin Franciane Labatut, psicopedagoga e gestora de Educação Infantil Regular e Bilíngue do Colégio Positivo Júnior, nesta fase a criança reproduz ações e valores a partir daquilo que percebe nos adultos que estão ao seu redor; por isso, estar conectado com a realidade é a melhor alternativa: “É comum ao brincarem de escola imitarem seus professores; imitarem os pais ao brincar de casinha. É o momento da representação corporal do imaginário e, apesar de predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à realidade”.