A segunda fase do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorreu neste domingo (10), em todo o país, sem muitas surpresas. De tendência mais conteudista e menos interpretativa, e sem gerar "polêmica", como nas versões anteriores, o exame foi considerado por muitos candidatos, nas redes sociais, como "equilibrado".
Em coletiva de imprensa na tarde de hoje, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que foi "o melhor Enem da história do Brasil", em termos de execução, logística, participação e qualidade das provas. Ele atribuiu o sucesso do exame à "postura republicana do governo Bolsonaro".
"Sucesso estrondoso"
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), não houve orientação à equipe que escolheu as questões. O conteúdo da prova é tirado de um banco de itens, que é alimentado ao longo de vários anos.
Nas redes sociais, no máximo, foi possível observar brincadeiras dos internautas quanto a questões do Enem que revelaram, por exemplo, que, utilizando batatas, é possível "salvar" o feijão que ficou salgado demais.
O nível de dificuldade, segundo a grande maioria dos especialistas que comentaram a prova nas redes sociais, foi equilibrado, sem alteração significativa em comparação aos outros anos.
Para o ministro, as críticas em relação à realização da prova deste ano, na verdade, não têm embasamento. "Foi um sucesso estrondoso, e eu tive que acalmar a população este ano dizendo que iria ter Enem, enquanto alguns veículos divulgavam fake news", disse. Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), voltou a afirmar que os servidores do órgão sofreram pressão da mídia durante todo o ano quanto a realização e qualidade da prova.
Vazamento da prova
Neste segundo dia de provas, imagens do exame foram compartilhadas via internet antes do horário de saída permitido aos candidatos, conforme publicou o jornal O Globo, que teve acesso às imagens.
Weintraub, no entanto, afirmou que a atitude não pode ser considerada como vazamento, além de não comprometer o Enem. "O dano disso foi zero. Foi um garoto de 18 anos que vai ter que passar o resto da vida explicando por que ele foi sabotar o Enem", disse.
"Aliás, não teve vazamento, não dá para caraterizar dessa forma, foi só um comportamento equivocado. Acho que não houve caso premeditado. É um trouxa, um babaca. Não devemos dar publicidade a um idiota desses", continuou.
O vazamento que ocorreu na semana passada também já teve os autores identificados. Weintraub disse que, "aparentemente, são militantes". "No primeiro dia da prova, sim, foi premeditado, na tentativa de lesar a sociedade. Tem uma pessoa no Ceará que é realmente culpada, a gente tem que escangalhar a vida dela, ela tentou fazer terrorismo com a sociedade", disse.
Mais cedo, ele havia publicado no Twitter: "Ceará / A Polícia Federal deflagrou a Operação Thoth que busca provas de atos irregulares cometidos em 3/11 no ENEM. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de duas aplicadoras, identificadas pelo MEC/INEP. Caso condenadas, a pena pode ser de 5 anos de reclusão. Aquelas duas senhoras que aprontaram bagunça da primeira fase já estão identificadas, afastadas e agora, nesse momento, devem estar tendo uma conversa muito interessante com a polícia federal. Elas terão com certeza um belíssimo domingo".
Sem dar muitos detalhes, o ministro contou que há ainda outros indícios mais graves, como casos de pessoas que teriam sido pagas para fazer a prova.
Números
Na tarde de hoje, cerca de cinco milhões de candidatos tiveram de responder questões de matemática e ciências da natureza. Segundo o Inep, o Enem de 2019 teve a menor taxa de abstenção de "todos os tempos".
Foram dois dias de prova do exame, cada uma com 90 questões de múltipla escolha. No primeiro, foram 45 sobre linguagens, códigos e suas tecnologias e 45 sobre ciências humanas e suas tecnologias, além da redação com tema "democratização do acesso ao cinema no Brasil". No segundo dia, foram 45 sobre ciências da natureza e 45 sobre matemática.