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Em entrevista ao vivo para a Rádio Itatiaia em Minas Gerais, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se pronunciou nesta quarta-feira (22) sobre a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ribeiro foi detido preventivamente, em Santos (SP), no âmbito de uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada hoje.
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Bolsonaro mencionou que tomou conhecimento do caso do ex-ministro: "fiquei sabendo é que ele estaria com uma conversa meio informal demais, e veio a denúncia que ele buscou prefeitos e gente dele para negociar para liberar recursos do MEC".
"Nós afastamos ele do cargo e se tem prisão é a Polícia Federal. A PF está agindo, que ele responda pelos atos dele e peço a deus que não tenha problema nenhum, mas se tem algum problema a PF está agindo e investigando", disse o presidente.
Diante das investigações contra o ex-ministro, Bolsonaro ainda destacou que não interfere nas operações da PF. "É um sinal que não interfiro na PF porque vai respingar em mim, obviamente", reforçou.
"Tenho 23 ministros, mais uma centena de secretários e mais mil cargos em comissão e se alguém faz algo de errado vai botar culpa em mim, meu papel é afastar e colaborar nas investigações. Não interfiro", complementa. Se o ex-ministro for considerado culpado, Bolsonaro ainda disse que ele "vai pagar".
"Lamento, a imprensa vai dizer que está ligado a mim, etc, paciência. Se tiver algo de errado, ele vai responder, se for inocente, sem problemas, se for culpado, vai pagar. O governo colabora com a investigação. A gente não compactua com nada disso. Agora, não sei qual a profundidade dessa investigação. No meu entender não é aquela orgânica, porque nós temos os compliances nos ministérios. E qualquer contrato, qualquer negócio, não passa”, completou.
Relembre o caso
As denúncias contra o quarto ministro da Educação, o pastor e téologo Milton Ribeiro, que permaneceu no cargo por 20 meses, vieram à tona no dia 18 de março deste ano.
Segundo as investigações dois pastores teriam atuado informalmente no gabinete do ministro para facilitar o acesso, por parte de prefeitos, a recursos financeiros da pasta. Em um áudio, Ribeiro sugere favorecimento a amigos de um pastor na distribuição de recursos.
Em uma nota de esclarecimento, Milton Ribeiro negou que teria ocorrido qualquer tipo de favorecimento e também negou que o presidente Jair Bolsonaro teria pedido algum tipo de atendimento preferencial.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) acompanhou a repercussão do caso e toda pressão da oposição para a saída do ex-ministro. Mas a princípio, ele defendeu a permanência de seu auxiliar e em uma das suas lives chegou a afirmar: "eu boto a minha cara no fogo pelo Milton".
A prisão
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta (22/06), operação policial “Acesso Pago”, destinada a investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao Ministério da Educação.
A operação atinge o ex-minitro da Educação, Milton Ribeiro por suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério. Há suspeita de cobrança de propina.
O juiz federal Renato Borelli determinou que o ex-ministro seja levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, e que a audiência de custódia seja realizada ainda nesta quarta (22) durante a tarde.
O crime de tráfico de influência tem pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão. São investigados também fatos tipificados como crime de corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses).