A lei das cotas sancionada em 29 de agosto pela presidente Dilma Rousseff determina que até 2016 todas as universidades e institutos federais destinem 50% das vagas do processo seletivo para cotas sociais. E que já em 2012, as universidades reservem pelo menos 12,5% do total de vagas para alunos. Desse porcentual, metade das cadeiras deve ser destinada a candidatos com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo (R$ 933). O documento, no entanto, não menciona se nas instituições nas quais há duas fases a regra para cotistas deverá ser aplicada na primeira fase ou se poderá ficar para a segunda, como ocorre hoje na Universidade Federal do Paraná (UFPR). E também não contempla como resolver os casos de universidades que já tinham editais publicados antes da aprovação da norma para o vestibular deste ano.

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Essas dúvidas foram incluídas em duas minutas redigidas pelo Ministério da Educação (MEC) e enviadas à presidente com propostas de regulamentação da norma aprovada, a pedido da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Um dos argumentos, segundo o MEC, é que 19 das 59 universidades federais já teriam lançado editais com as regras dos vestibulares, sem prever cotas.

A UFPR, por exemplo, publicou o edital do vestibular no último dia 2 de agosto, antes da sanção da lei, e, portanto, não incluiu a reserva de parte das vagas para alunos com renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo. Os organizadores do concurso acreditam, no entanto, como outras universidades do país, que o governo não exigirá mudanças no edital do concurso a essa altura do processo – na Federal as inscrições foram encerradas no dia 21 de setembro.

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"Na prática isso já acontece na UFPR", explica Von der Heyde. "Na relação dos alunos aprovados no vestibular da UFPR nos últimos anos, já temos um número acima dos 2 mil candidatos que a renda máxima da família não atinge 1,5 salário mínimo per capita. Mesmo sem fazer essa exigência, nossos candidatos já estão nesta faixa e a pró-reitoria de graduação já acompanha esses alunos", explicou.

Isso ocorre porque hoje a UFPR destina 20% das vagas para candidatos que estudaram em escolas públicas e outros 20% para afrodescendentes. E, diferentemente do previsto na lei das cotas, a exigência na UFPR é maior: para pleitear às cotas sociais os alunos devem ter feito o ensino fundamental e médio em escolas públicas, e não apenas o ensino médio como prevê a lei.

Quanto ao uso das cotas na primeira fase, a UFPR se posiciona de forma contrária. "Se a regra for aplicada na primeira fase haverá uma distorção muito grande; o método utilizado hoje [cotas só na segunda fase] me parece o mais adequado, mas não temos como avaliar o que vai acontecer daqui para frente", afirmou coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR, Raul Von der Heyde.

UTFPR e Unila

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR) esperam também uma decisão do governo para organizar os próximos editais. As duas oferecem 50% das vagas no ensino superior para alunos de escolas públicas, mas precisarão incluir as cotas raciais e por renda. No caso da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que não tem reserva de vagas para cotistas, o próximo processo seletivo da instituição precisará ser alterado.

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