Alunos da Desafio coletaram folhas no quintal da escola: aprendizado na prática| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

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Bacia hidrográfica será ponto de partida para as aulas

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, o ensino de educação ambiental tomará como ponto de partida a bacia hidrográfica mais próxima. Assim, os alunos vão aprender as características dos arroios de sua cidade e a cuidar desses espaços. O objetivo, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, é despertar o sentimento de pertencimento nos estudantes.

A chefe do Núcleo Regional de Educação em Ponta Grossa, Maria Izabel Vieira, explica que o decreto regulamentou uma deliberação do Conselho Estadual de Educação, aprovada em 2013. A aplicação deve ocorrer em escolas públicas e particulares, da educação infantil ao ensino médio, incluindo a educação de jovens e adultos. As diferenças de abordagem da temática ambiental nas diversas séries serão definidas em cada escola dentro do projeto pedagógico.

Até então, somente o Paraná e São Paulo não tinham uma comissão para monitorar a Política Estadual de Educação Ambiental. Além de acompanhar o desenrolar dos programas e ações de educação ambiental no estado, a comissão pode estimular a criação de comissões municipais e regionais. Para o diretor do departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Nilo Diniz, além do trabalho governamental, os gestores das escolas podem aproveitar o conceito de educação ambiental para desenvolver e estimular os alunos e a comunidade a manter ações sustentáveis. "A escola pode pensar numa gestão democrática e em como tornar o espaço mais sustentável", explica, citando o aproveitamento da água da chuva e a energia solar como exemplos.

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O ano letivo de 2014 começou com uma novidade para os alunos das escolas do Paraná. A partir de agora, a educação ambiental faz parte oficialmente do projeto pedagógico das instituições, sejam públicas ou particulares. Temas como meio ambiente e sustentabilidade, que já eram abordados pelos professores de maneira espontânea, passam a ter uma orientação formal, com base no decreto assinado pelo governador Beto Richa no fim de janeiro. Ele vale tanto para a educação formal nas escolas quanto para ações de preservação fora do ambiente escolar.

A composição do órgão gestor, que coordenará as ações da Política Estadual de Meio Ambiente, e da comissão responsável por desenvolver e acompanhar a implantação dessas ações será definida amanhã. A normativa atende à Política Nacional de Educação Ambiental, de 1999. Conforme determina a Política Nacional, a educação ambiental não será uma disciplina específica, mas sim um conteúdo extra que pode ser ensinado nas aulas de Ciências, Geografia, entre outras.

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É o caso da escola Desafio, da rede privada de Ponta Grossa. Ali, os alunos a partir dos três anos de idade participam do projeto Bichinhos de Jardim. Eles passeiam pelo jardim da escola para aprender quais são os insetos e aves que convivem no pátio. A coordenadora pedagógica da escola, Andréia Schigemori, diz que em todas as etapas o meio ambiente está em evidência. A gestão da escola também tem o foco na preservação. "Não usamos copos descartáveis, e os resíduos dos alimentos são destinados para compostagem", conta.

Em uma aula com conteúdo de educação ambiental, os alunos do 4.º ano do ensino fundamental aprendem o que é preciso para uma planta sobreviver: água, sais minerais, luz solar e cuidado. "Não podemos arrancar a folha porque machuca a árvore", diz uma das alunas que coletou folhas caídas no pátio para fazer um cartaz sobre as partes da planta.

Energia solar

O uso da energia solar foi o tema de um trabalho desenvolvido ano passado pelos alunos do 9.º ano do ensino fundamental do Colégio Arthur Costa e Silva, da rede pública, em Ivaí, nos Campos Gerais. Os estudantes fizeram uma maquete da escola e projetaram a captação da luz solar para gerar energia. "Muitos alunos não imaginavam que o sol poderia gerar energia, eles ficaram muito animados", conta a professora Taciane de Cristo.

Para ministrar o novo conteúdo, no entanto, é preciso estar capacitado. A assessora da Secretaria Educacional da APP-Sindicato, Juliana Costa Barbosa, avalia que a educação ambiental deve estar na grade curricular dos cursos de licenciatura e que o poder público deve oferecer formação continuada aos docentes. "Fiz Pedagogia e cursei educação ambiental como disciplina optativa porque ela não estava entre as obrigatórias, isso deve ganhar uma nova abordagem com o decreto."

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