A imagem da filha Selena, 8 anos, na fila do 2.º ano, enquanto todos os amiguinhos que a acompanhavam desde o maternal estariam na do 3.º ano, tirava o sono da arquiteta Sabrina Slompo, 41 anos. Quando tinha 6 anos, a menina reprovou e Sabrina tinha calafrios só de imaginar os traumas que a experiência poderia trazer à filha. "Não foi exatamente uma surpresa. Eu sabia que o aproveitamento da Selena estava baixo. Depois de exames que descartaram qualquer problema auditivo, visual ou cognitivo, ela passou a ser acompanhada por uma psicopedagoga. Seis meses depois todos acharam melhor que ela não passasse para a série seguinte", conta Sabrina.
Depois do choque da reprovação, um novo desafio surge com o início do ano letivo: como encarar a nova realidade? A maneira como os pais lidam com a situação influencia a forma como os filhos vão encarar a experiência. Se a retenção for usada como um castigo, em vez de ajudar o crescimento pessoal, é provável que se torne um motivo para o descaso e reforço para comportamentos errados. Para a psicopedagoga Sonia Küster, os pais têm de cuidar como reagem. "Não devem encarar como perda. Ter pressa para que? O importante é avaliar a evolução individual da criança, levar à uma avaliação psicopedagógica para entender o porquê dessa não-evolução e incentivar relações sociais na série que a criança está fazendo. O contexto social favorece a aprendizagem."
Com a falta de sucesso no acompanhamento das aulas e tarefas, é de se esperar que a autoestima seja afetada. No entanto, a repetição pode servir como uma chance de mudar a postura do estudante. "Eu tinha medo da Selena pegar raiva dos estudos. Mas, nos primeiros dias de aula, novamente no 2º ano, já percebemos a diferença. Os amigos antigos se somaram aos novos e ela passou a se empolgar com as lições. De última da turma passou à primeira e ajudava a professora", lembra Sabrina.
Apoio
A reprovação na escola não deve ser seguida de censura, condenação ou repreensão, de acordo com a psicopedagoga e mestre em Educação Laura Monte Serrat Barbosa. "Nos esportes, repetir quer dizer aperfeiçoar; nas artes, repetir além de aperfeiçoar pode significar reproduzir para que um número maior de pessoas tenha acesso. Na escola, a reprovação deve ser vista como algo que faz parte da vida, e não como um castigo", afirma. E a dica vale para todos: pais, educadores, irmãos e colegas.
Para a gestora educacional do Colégio Opet Simone Rodrigues Valério, a reprovação é uma boa oportunidade para a família se engajar na educação dos jovens. "Na pré e na adolescência, alguns fatores interferem nos estudos e levam à falta de comprometimento. Nessa fase eles focam muito em tecnologia e, como muitas vezes ficam sozinhos diferentemente de crianças menores que têm supervisão esse tempo ocioso pode prejudicar os estudos", diz. Este é o momento de conversar e avaliar o que o aluno fez ano passado e que não deu certo e as mudanças necessárias para que o resultado seja melhor.
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Dicas
Com a volta às aulas, os cuidados com as mochilas têm de ser retomados pelos pais. Veja algumas dicas para não colocar a saúde de seu filho em risco:
- O peso da mochila não deve ultrapassar 15% do peso da criança;
- Dê preferência para os modelos com rodinhas, desde que eles respeitem a altura da criança. Na dúvida, opte pela mochila de duas alças, mas fique atento à regulagem;
- Evite modelos com uma alça só, que sobrecarregam um lado, e que fiquem frouxos, que causam maior impacto;
- Opte por mochilas com divisórias, que permitem que os materiais (e seu peso) sejam distribuídos e organizados. Deixe os cadernos sempre na parte de trás, que fica em contato com as costas;
- Não coloque a lancheira dentro da mochila, concentrando o peso nas costas. É sempre melhor levá-la nas mãos;
- Converse com a direção da escola sobre a possibilidade de deixar o material mais pesado na instituição.
Fontes: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Grupo Medicina da Coluna.