Quem não se lembra de brincadeiras como amarelinha, pião, bilboquê, corda e peteca? Elas fizeram parte da infância de muitos adultos, mas acabaram substituídas pela televisão, video game e internet. Os educadores, porém, defendem: elas desenvolvem a coordenação motora, estimulam o raciocínio lógico e a rapidez no cálculo, além de serem um poderoso meio de socialização. ?Elas têm um lado lúdico que é essencial na infância. Antes a gente aprendia com as crianças mais velhas, mas hoje elas chegam por meio dos adultos. Temos o importante papel de reativá-las na vida dos nosso filhos?, explica o coordenador do Setor de Educação e Cultura do Hospital Pequeno Príncipe e especialista em jogos antigos, Cláudio Teixeira.
Ele, que pesquisa a origem de jogos de madeira há dez anos e chegou a produzir e vender alguns na Feirinha do Largo da Ordem, em Curitiba, diz que muitos pais se preocupam com a formação da criança para o futuro e esquecem que ela também precisa brincar apenas por brincar, sem necessariamente ter um objetivo. ?Os pequenos precisam ter espaço e tempo livre para desenvolver a cultura infantil.?
Pensando nisso a professora Marisiane Casagrande, do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Uberlândia, em Curitiba, desenvolveu em 2010 um projeto de resgate das brincadeiras esquecidas para aplicar com seus alunos de 4 a 5 anos. Ela levantou com os pais e avós quais eram suas brincadeiras preferidas na infância e depois, para estimular a criatividade, ensinou as crianças a montarem os brinquedos antes de jogar. Os mais citados foram amarelinha, bilboquê, elástico, corda e pé de lata. ?Eu fiquei assustada de ver que grande parte das crianças não fazia ideia destas brincadeiras. Mas o resultado foi excelente, elas adoraram. Neste ano vou repassar as brincadeiras para a nova turma?. Marisiane também se preocupou em resgatar as brincadeiras de roda, como Ciranda Cirandinha, Escravos de Jó e Roda Cutia. ?Quando um ou dois começam a brincar o resto quer também, sem contar que levam para casa e ensinam os irmãos.?
Breno, 8 anos, e Davi Cagnato Pinto, 4 anos, fazem parte do grupo de crianças que adora as brincadeiras ?retrôs?. Desde pequenos, a mãe, Euza Cagnato, faz questão de estimular os meninos a brincarem como ela um dia brincou. ?Gostamos de reunir a família para jogar betes na rua, por exemplo. Nos tacos que temos, todos da família assinaram os nomes. É uma tradição.?
Origem
Segundo Cláudio Teixeira e Alessandra dal Lin, professora de Educação Física da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) que pesquisa brincadeiras antigas há 16 anos, grande parte destas brincadeiras veio de fora, de lugares como Europa e Ásia. Muitos brinquedos foram adaptados, como o pião bailarina, que é chines. ?Por isso resgatar as brincadeiras esquecidas também contribui para a memória cultural?, comenta Alessandra.
Ela diz que um dos motivos que levaram ao desaparecimento de algumas brincadeiras foi o medo da violência. Muitas família têm receio de deixar seus filhos brincarem na rua.
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