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José Henrique e Alexandre entregam os uniformes usados na secretaria: doação faz parte da rotina da escola. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
José Henrique e Alexandre entregam os uniformes usados na secretaria: doação faz parte da rotina da escola.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Nas tendências da moda

Os uniformes escolares acompanham as tendências da moda nos colégios particulares. Há escolas que oferecem até 42 modelos diferentes entre camisetas, calças e jaquetas de agasalho. As fábricas confeccionam agasalhos com tecidos usados por grandes marcas como a Nike.

A moda de rua – ou streetwear – ganha espaço nas escolas, roupas com moldes despojados baseados na moda jovem fazem parte dos novos padrões do uniforme escolar. Segundo Silvana Pereira de Miranda Perche, sócia-proprietária de uma loja de uniformes escolares de Curitiba, o novo perfil dos estudantes aboliu os uniformes "caretas". "Quem desenha nossos uniformes adapta o traje à moda. Se não tivesse a etiqueta com a logomarca da escola, a roupa poderia ser usada para sair", comenta.

Cores diferentes de camiseta e modelos como "baby look" para as meninas se fundem ao modelo esportivo de vestir. A loja presta serviços a dois grandes colégios de Curitiba: enquanto um oferece 28 modelos diferentes, outro disponibiliza 42. "A idéia é fazer com que o estudante se sinta bem e não perca a praticidade, sem contar na economia para os pais."

A ponta-grossense Ana Luiza Tozetto comenta que sua filha Jéssica, de 15 anos, prefere os modelos mais modernos. "Que bom que essa geração de adolescentes tem a alternativa de estar uniformizada e ao mesmo tempo na moda", avalia.

Loreci Barbiero Bowens, pedagoga do Centro Integrado de Educação Sagrado Coração de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, conta que os modelos usados atualmente nos colégios da rede passaram por uma consulta com todos os alunos. "Oferecemos mais opções, para o aluno se sentir bem com o uniforme, mas mesmo assim, obedecer aos padrões do ambiente escolar", comenta.

Lojas faturam

As lojas de uniforme escolar aproveitam o período para faturar. Segundo Maria Ineri Schila Hass, proprietária de uma loja de uniformes escolar em Ponta Grossa, o comércio está aquecido, superando as vendas do ano passado. São comercializadas cerca de 80 peças por dia. Ineri conta que foi feito pedido 25% maior que no mesmo período de 2008 e mesmo assim, de algumas escolas já faltam alguns modelos. Em Curitiba, Silvana Pereira de Miranda Perche espera um faturamento de R$ 150 mil na venda de 15 mil peças nesta temporada.

Edson Gil Santos Jr, da sucursal

Saias com pregas abaixo do joelho ou tradicionais agasalhos colegiais. Muitos estudantes ainda torcem o nariz para o uniforme escolar enquanto pais e escolas fazem coro para defendê-lo. No passado eram comuns táticas como enrolar as saias na cintura para reduzir o comprimento. Agora os jovens estão sendo ouvidos e muitas escolas adotam opções mais modernas para incentivar a aprovação da garotada.

Nas Escolas Dom Bosco uma pesquisa com os estudantes foi feita no ano passado. "Eles aprovam o uso do uniforme desde que seja feito de uma maneira que eles gostem", afirma a diretora do ensino fundamental, Rita Eganshira Vanzela. Com isso, o traje ganhou assinatura de estilista, investimentos em tecidos tecnológicos e inúmeras opções que saem do tradicional. Ouvir seus alunos não é privilégio de escolas particulares. No Colégio Estadual Aníbal Khury Neto a adoção da calça de cós baixo veio para agradar a seus alunos.

Praticidade, economia, organização e segurança são as justificativas encontradas para quem defende o uso do uniforme escolar. As famílias aprovam, mesmo que no início do ano letivo a compra de agasalhos completos pesem no orçamento. Um conjunto básico, com calça, camisetas e agasalhos, fica em torno de R$ 200. Gasto anual que se comparado com a compra de roupas diferentes para o uso diário seria bem maior, na opinião do diretor geral das Escolas Positivo, Carlos Dorlass. "É mais prático para as famílias. Impede também a diferenciação da classe social, além de ter o lado educativo: mostra que todos são iguais", afirma.

Para uma das coordenadoras da Patrulha Escolar Comunitária, Margarete Maria Lemes, o uso do uniforme é recomendado por uma questão de segurança. "Facilita o trabalho dos policiais na identificação não só dos alunos, mas também de pessoas estranhas que se aproximam da escola", diz. Nas escolas públicas estaduais e nas municipais de Curitiba a adoção do uniforme não é obrigatória, a escolha fica a critério da escola. Segundo Margarete, quase todas as escolas estaduais acabam optando pela uniformização de seus estudantes. "Algumas adotam estratégias para fazer com que os adolescentes se sintam mais à vontade. Havendo o hábito do uso não vejo problema nisso", diz.

Nas escolas da rede municipal nenhum aluno é impedido de assistir a aulas se não estiver usando o uniforme, ressalta a diretora do ensino funadamental da Secretaria de Educação de Curitiba, Nara Luz Salamunes.

Passando adiante

Nas escolas públicas é muito comum a mobilização de famílias, professores e funcionários para o reaproveitamento do uniforme usado. Os estudantes que não irão mais fazer uso das roupas acabam disponibilizando para outros. Geralmente é a associação de pais e professores que organiza essa troca.

Mas a prática não é restrita às escolas públicas. Na Escola Atuação, em Curitiba, doar uniformes que não servem mais já faz parte do cotidiano de pais e alunos. É o caso dos colegas José Henrique Brasil e Alexandre Motta, ambos de 14 anos. Os dois começaram a cursar o ensino médio em outros locais e resolveram deixar suas roupas na secretaria da antiga escola. "Sempre usamos o uniforme de nossos irmãos mais velhos. Se não vamos mais usar por que não passar para alguém? É uma economia para as famílias", dizem.

Já a pedagoga Daniele Cristina Machado, 29 anos, já se acostumou a receber o uniforme para o seu filho Luís, 6 anos, desde o maternal. A doação vem sempre da mesma mãe, a também pedagoga Marilaine Pires, 37 anos. "Por mais que a gente tenha uma situação financeira legal, toda ajuda que vem é importante. Não é porque meu filho estuda em escola particular que tenho dinheiro sobrando. É suado para manter", diz.

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Interatividade

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