A presidente da Escola Brasileira de Professores (Ebrap), Guiomar de Melo, classificou como esquizofrênico o atual sistema de formação inicial de professores do país. A declaração foi feita na 3ª Reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), em Porto Alegre. Segundo Guiomar, as instituições de ensino superior não acompanham as necessidades da educação básica na formação de profissionais com o perfil que a escola precisa.
De todos os investimentos em educação, a formação do professor com qualidade é o que traz o melhor custo-benefício. Um professor formado tem poder de multiplicação porque vai dar aula para muitos alunos, por muitos anos, e isso justifica o custo, argumentou.
Guiomar, que é ex-conselheira nacional de educação, defendeu a articulação com as universidades para garantir a formação do docente que a educação básica necessita. Ela criticou o modelo bacharelista que não forma professores para atuar em sala de aula. É preciso chamar as universidades para discutir isso, afirma.
A qualidade da educação de uma escola se mede pela formação do professor que está dentro do ambiente. Por isso a importância de um aprendizado que prepare os professores para o ambiente escolar e não o acadêmico, defendeu.
Os secretários de educação presentes ao evento também expuseram esse problema a partir de experiências regionais.
O diretor de educação básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), professor Dilvo Ristoff, apresentou dados sobre a formação de professores e lembrou que a maioria dos profissionais vem da rede privada de ensino superior
A universidade está sendo demandada em várias frentes: para produzir pesquisa e fazer extensão, muitas vezes preenchendo a ausência do Estado. Além disso tem um problema real nas suas licenciaturas que a rigor são construídas para formar professor, mas só no papel.Na prática, elas formam bacharéis, avaliou.
Ristoff defendeu um melhor alinhamento entre a educação básica e a superior na definição de currículos para garantir uma formação mais prática e voltada para a sala de aula. É preciso um alinhamento, um fio que une as diretrizes curriculares e os projetos pedagógicos dos cursos, afirmou em entrevista Agência Brasil.
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